Angola quer financiar os programas económicos com linhas de crédito do mercado austríaco

O Executivo tem interesse em trabalhar com as autoridades da Áustria na estruturação de linhas de financiamento com juros baixos e prazos de reembolso, suficientemente largos, disse, esta terça-feira, em Luanda, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior.

Ao discursar no Fórum Angola – Áustria, acrescentou que os investimentos austríacos são bem-vindos em todos os domínios, de modo a contribuírem na diversificação da economia angolana.

O ministro de Estado sublinhou que, dadas as características da economia austríaca, o Executivo angolano quer promover parcerias empresariais, particularmente, nos domínios da Agricultura, Tecnologias de Informação, Cibersegurança e Digitalização, Saúde, Ambiente e Saneamento, Educação, Transportes, Energia e Águas.

De acordo com o governante, é importante trazer a cooperação para o domínio privado, incentivar o desenvolvimento de parcerias estratégicas entre as empresas austríacas e angolanas.

“Queremos que a Áustria nos ajude a edificar uma economia cada vez menos dependente do petróleo, uma economia que cresça de modo sustentado e sustentável, uma economia que gere cada vez mais empregos e eleve os rendimentos dos cidadãos angolanos, uma economia que permita combater a fome e a pobreza em Angola e que consiga elevar cada vez mais os padrões de vida do cidadão”, destacou Manuel Nunes Júnior.

O ministro de Estado realçou, também, que a Áustria é um dos países mais industrializados do mundo, com um desenvolvimento assente em mão de obra altamente especializada.

“Queremos edificar em Angola uma sociedade justa, equitativa e desenvolvida, em que seja erradicada a fome e a miséria. Para tal, teremos de edificar uma economia baseada num crescimento forte e sustentado”, sublinhou.

Manuel Nunes Júnior frisou que a economia angolana está, ainda, muito dependente do petróleo e, por isso, muito vulnerável a choques externos, derivados das variações do preço deste produto no mercado internacional.

O ministro de Estado para a Coordenação Económica referiu que os recursos do petróleo constituem mais de 60 por cento das receitas tributárias do país e mais de 90 por cento das receitas de exportação.

“Queremos acabar com esta grande dependência de Angola dos recursos do petróleo”, reiterou, considerando que o Executivo quer mudar definitivamente a estrutura económica do país, para ter uma economia mais diversificada.

De acordo com o governante, pretende-se uma economia em que o sector privado passe a ter um papel mais activo no desempenho da economia angolana e com a sua acção diminua o peso do domínio dos Petróleos no Produto Interno Bruto.

Manuel Nunes Júnior disse que se precisa desenvolver sectores como a Agricultura, Indústria Transformadora, Pescas, Turismo, Construção e outros que ajudem a diversificar as fontes de rendimento.

 Para isso, apontou que o Executivo tem estado a implementar reformas políticas, económicas e financeiras, para aumentar a confiança dos agentes na economia nacional.

  
Contribuições ao desenvolvimento mútuo

O chanceler austríaco Karl Nehammer, que discursou no final do Fórum, mostrou-se satisfeito pelo facto das empresas do seu país estarem a contribuir para o desenvolvimento de Angola.

Avançou que a Áustria prevê explorar novas oportunidades de investimento, intensificar as parcerias com Angola no quadro de uma economia que cresce rapidamente e o património cultural diversificado.

Karl Nehammer acredita que estão ainda em baixo os níveis de comércio entre os dois países, apesar de se terem triplicado desde 2021, sem, no entanto, adiantar números.

“Com a visita de hoje, espero várias visitas de empresas para podermos continuar neste caminho. Muitas empresas como a Red Bull, a ALPLA e a Alpha estão activas em Angola e têm interesse em expandir as actividades”, anunciou.

Karl Nehammer disse acreditar que os dois países e os cidadãos poderão beneficiar de uma cooperação e partilha muito intensificada.

Parceria

O presidente do Conselho de Administração da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX), Lello Francisco, disse à imprensa, à margem do evento, que os empresários austríacos têm interesse de investir em vários sectores no país, com realce para as áreas de Tecnologias de Informação e Energias Renováveis.

O responsável reforçou que a Áustria tem uma matriz energética muito parecida à de Angola, com cerca de 60 por cento da energia hidroeléctrica.

“Vamos providenciar todo o apoio para os empresários austríacos de forma a facilitar os trabalhos e ajudar na aproximação com os nossos empresários”, apontou.

Lembrou que em 2021 foi realizado o primeiro fórum de forma virtual, pelo que o actual vem reforçar a ideia e a certeza do interesse dos empresários austríacos no mercado angolano.