Feitos de José Eduardo dos Santos ficam na memória dos angolanos

Luzia Inglês afirma que os feitos de José Eduardo dos Santos vão ficar para sempre na memória dos angolanos, recordando-o como um bom filho de Angola, como “recordamos os nossos heróis”, por ele ter a dimensão de homens da estatura de Agostinho Neto.

José Eduardo dos Santos, disse, sacrificou toda a sua juventude, trabalhando para o país, condição que permitiu realizar uma ser de projectos políticos, com grande significado para “a nossa pátria”. “O povo está a sentir”, refere, Luzia Inglês, sem conter as lágrimas.

A antiga secretária geral da OMA sublinha que José Eduardo dos Santos foi um líder empenhado, que colocou o interesse da Nação acima de tudo. Basta ver, que desde que assumiu os destinos do país, não permitiu que as coisas andassem para trás. “Podemos estar mais preocupados em encontrar defeitos, mas não podemos negar que como político nunca foi um grande líder, não me lembro de em algum momento sequer ter a percepção de José Eduardo dos Santos tivesse a intenção de trair o país”, frisou.

Acrescenta que a indicação para Presidente, teve, no seu entender, a ver com estas qualidades, “que acentuavam um homem forte, inteligente, um intelectual capaz, humanamente bondoso”.

Pois, continua, foram estas qualidades que determinaram o êxito à frente da Nação. Luzia Inglês sublinha o seu empenho na busca da paz, condição que levou a receber a designação de Arquitecto da Paz, pelo sucesso alcançado.

Nesta condição, de Arquitecto da Paz reconciliou os irmãos angolanos desavindos, realça, tendo avançado que ele se entregou de corpo e alma à causa nacional.

Na região Austral, ajudou não só Angola, mas outros países em conflito, com destaque África do Sul, com meios políticos e militares que permitiram a libertar-se do jugo do apartheid. “Muitos de nós não se preocupamos com ele, isso é real.

Refere que “a população vai chorar José Eduardo dos Santos como chorou Agostinho Neto, até mesmo os da oposição”. “Ele fez muito pelos angolanos, não podia fazer tudo de uma só vez, mas conseguiu acabar com a guerra, assinar os acordos de paz, deu abertura parlamentar, criou o multipartidarismo, começou a reconstrução nacional, promoveu mais a educação,  saúde, e mais a habitação”, aflora a antiga secretária geral da OMA.

“Queremos enterrar o nosso presidente no nosso país”, frisou, tendo referido que um povo deve enterrar, quando chega a hora, o pai da nação. “José Eduardo dos Santos deve ser enterrado no seu país, com toda a honra que ele merece, ele foi o Pai da Nação angolana”, sentenciou. Luzia Inglês disse que é preciso “respeitar o direito à homenagem que ele merece receber do partido e do povo angolano”.

Laços históricos  

Luzia Inglês iniciou a convivência com José Eduardo dos Santos aos 21 anos de idade, quando o antigo Presidente tinha acabado de sair da Terceira Região, em 1969, onde um grupo de jovens fora seleccionado para fazer formação militar e sobre Telecomunicações, na ex- União Soviética, em Moscovo.

Em 10 de Dezembro de 1969, a direcção do MPLA informou que estava um grupo de finalistas, a formar-se em Telecomunicações, através de um plano que ampliava as qualificações para uma participação mais activa na guerrilha, conta Luzia Inglês.

“José Eduardo dos Santos foi um dos indicados, proveniente da Segunda Região militar. Ele não ficou na mesma base que eu, já tinha vida social, tinha a sua casinha e estava casado”, aflorou. Luzia Inglês recorda que na festa das comemorações da data do partido, o grupo de José Eduardo dos Santos actuou, cantando várias músicas compostas por eles, como forma de repreensão ao  colonialismo.

“Na qualidade de activista, fui lhe dando todas as orientações de como deveria trabalhar”, frisa, tendo feito saber que o grupo dele tinha acabado de regressar da formação, então estavam a receber orientações para a integração. O antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos teve uma grande relação política com Afonso Van-Dúem “Mbinda”, desde o momento em que se   conheceram, na altura que fugiam de Luanda, para o Congo Leopoldville, em barcos dos portugueses.

Em 1972, Agostinho Neto, após organizar a conferência do MPLA, iniciou contactos com países socialistas, tendo conseguido bolsas de estudos, onde o camarada Mbinda e Dino Matross foram estudar durante três anos. O ex-Presidente José Eduardo fez, nessa altura, o ensino superior em engenharia de petróleos.


Países da América Latina lamentam morte do antigo Presidente angolano

Diversos países da América Latina lamentam a morte do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, ocorrida sexta-feira em Barcelona, Espanha.

Segundo uma nota da Embaixada de Angola em Cuba, citada pela Angop, este país caribenho cumpriu, desde às 6 horas locais de até à meia noite de ontem, luto nacional pela morte do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

De acordo com um Decreto tornado público no Jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista Cubano e assinado pelo Presidente de Cuba, Miguel Díaz Canel Bermúdez, enquanto vigorou esse período a bandeira nacional esteve à meia-haste nos edifícios públicos e nas instituições militares.

No Twitter, o Estadista cubano lamentou o infausto acontecimento e expressou condolências ao povo e ao Executivo angolano extensivas aos familiares do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Numa outra mensagem, segundo a nota da Embaixada de Angola em Cuba, endereçada ao Presidente João Lourenço, o Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, lembrou os momentos partilhados com o ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

A  agência Prensa Latina destacou, ontem, que o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em nome do seu Governo lamentou a morte do ex-Estadista angolano e sublinhou o papel na luta anti-colonial.

O Estadista venezuelano lembrou a irmandade, amizade e solidariedade que José Eduardo dos Santos dedicou à Nação sul-americana, especialmente, ao líder histórico da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez. 

“Nesta hora terrível, a Venezuela expressa à família e amigos, ao povo e ao ilustre Governo da República de Angola, a sua sincera solidariedade e sentidas condolências, antes do trânsito para a eternidade deste ilustre filho de África”, lê-se no documento.

Fonte: Jornal d Angola