O Presidente da República, João Lourenço, reconheceu, segunda-feira, em Nova Iorque, Estados Unidos da América, “progressos assinaláveis” na região da SADC, quanto à implementação das prioridades de cooperação e integração regional, delineadas na Visão 2050 da organização e no Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional 2020-2030.
Ao discursar na sessão de abertura da Cimeira dos ODS, na sede das Nações Unidas, na qualidade de presidente da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), João Lourenço considerou “crucial” examinar em conjunto os progressos alcançados na implementação dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável ao nível das diferentes regiões representadas no evento mundial.
“A avaliação que fizermos a respeito do nosso desempenho vai permitir que tomemos as medidas para corrigir ou rectificar tudo quanto nos parece não ter sido realizado da maneira mais adequada”, referiu o Chefe de Estado.
João Lourenço defendeu uma abordagem “mais dinâmica, comprometida e engajada” nas acções com vista ao alcance dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) na Região Austral de África.
O Chefe de Estado considerou que o procedimento também visa o reforço do compromisso político e mobilização de vontades capazes de ajudar em domínios cujos resultados se reflectirão de forma positiva na melhoria das condições gerais de vida das populações.
Instabilidade atrasa integração regional
O Chefe de Estado reconheceu que os efeitos da pandemia da Covid-19, alterações climáticas e a instabilidade afectaram alguns países da região e tiveram um impacto negativo considerável na capacidade dos Estados cumprirem com maior eficácia os planos estratégi-cos para aprofundar a integração regional da África Austral e promover o de- senvolvimento, numa perspectiva em que sobressaiam as ambições sobre a África que se deseja, estabelecida na Agenda 2063 da União Africana.
“Os nossos avanços poderiam ter sido mais significativos e expressivos se não tivéssemos que ter lidado com a crise global e outras específicas da nossa região, que nos obrigaram a desviar a nossa atenção das questões centrais sobre o desenvolvimento para lhes fazer face”, informou o Chefe de Estado, que também se referiu às dificuldades de acesso dos Estados da região aos recursos financeiros em “condições confortáveis”, para promover o crescimento das economias.
“As dificuldades de acesso aos recursos financeiros representa um outro lado do problema, talvez o maior, com que nos confrontamos permanentemente para realizarmos projectos essenciais em áreas determinantes para impulsionar o nosso desenvolvimento, de que depende naturalmente a criação de condições que favoreçam a necessária e urgente alteração do quadro e dos indicadores de pobreza que se observam actualmente nos nossos países”, afirmou o Presidente João Lourenço.
O Estadista angolano sublinhou que nada do que consta dos planos, objectivos e programas delineados ao longo destes anos poderá ser realizado de forma efectiva e com resultados positivos sem o esforço coordenado para se eliminarem os conflitos, a instabilidade, a insegurança e a imprevisibilidade, que desencoraja o investimento e retira aos mercados a credibilidade de que necessita para que os parceiros internacionais invistam mais nas economias dos Estados da região.
Concretização da Visão 2050 da SADC
João Lourenço falou da relação de interdependência que existe entre paz e desenvolvimento, salientando que, em função disso, Angola, na sua condição de presidente em exercício da SADC, vai continuar a desenvolver acções com vista à concretização futura da Visão 2050 da SADC, que prevê uma região com estabilidade política e social, pacífica e desenvolvida do ponto de vista económico e de justiça e liberdade para os seus cidadãos.
O Chefe de Estado defendeu, por isso, esforço conjugado entre a região e os parceiros internacionais, sem constrangimentos e obstáculos, com vista ao cumprimento dos objectivos de desenvolvimento.
“Esses objectivos, que são específicos da nossa região e também compartilhados pelos nossos parceiros internacionais, serão concretizáveis com um esforço conjugado entre todos, mas com muito menos constrangimentos e obstáculos, se a relação entre a nossa região e a comunidade internacional se desenvolver sem as medidas unilaterais punitivas contra Estados-membros da SADC, como no caso do Zimbabwe”, declarou o Chefe de Estado.
João Lourenço falou das consequências das alterações climáticas na região da África Austral, realçando os efeitos nocivos das mesmas sobre as economias da região.
Sublinhou, por isso, a necessidade da implementação da agenda internacional das alterações climáticas e do cumprimento das promessas de disponibilização de recursos financeiros feitas pelos países desenvolvidos a fim de, com alguns outros recursos complementares, assegurar o financiamento da adaptação até 2025 para se alcançar o objectivo de recapitalizar o Fundo Verde para o Clima.
O Presidente João Lourenço salientou a importância da cooperação global, da solidariedade e da acção conjunta para a resolução dos “múltiplos e complexos desafios” que o mundo enfrenta actualmente.
À Assembleia Geral das Nações Unidas, João Lourenço pediu que coloque esses propósitos no capítulo das prioridades da sua agenda para os próximos tempos.
Após discursar na Cimeira dos ODS, o Chefe de Estado manteve encontros em separado com os homólogos das Comores, Azalli Assoumani, e do Quénia, William Ruto.
No final dos encontros não houve quaisquer declarações aos jornalistas. Mas, presume-se que o centro das conversas incidiram sobre questões do desenvolvimento e da segurança no continente.
Azalli Assoumani é também o presidente em exercício da União Africana (UA).