Chefe de Estado anuncia construção de mais unidades sanitárias no país

O Presidente da República, João Lourenço, anunciou, sábado, a construção de mais unidades sanitárias na província de Luanda e no país, nomeadamente os hospitais de Oftalmologia, no Kilamba, de Oncologia, nas imediações do Hospital Cardio-Pulmonar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, e de Traumatizados, novas infra-estruturas de especialidade que vão garantir mais serviços e melhor atendimento às populações.

Em conferência de imprensa, depois de visitar as obras de construção dos hospitais Geral de Viana, localizado no Zango 8000, e dos Queimados, na Centralidade do Kilamba, João Lourenço garantiu que as obras no sector da Saúde vão continuar, cujo financiamento está acautelado, apesar da actual conjuntura financeira do país.

“Para a Saúde, vai haver sempre dinheiro. Ainda temos muitas unidades por construir a nível do país. Vamos começar outros hospitais, o da Catumbela, Bailundo, Dundo, Malanje e muitas outras unidades que ainda estão por chegar. Para estas unidades, fiquem descansados, haverá recursos”, garantiu.

João Lourenço justifica a construção de um hospital de Traumatizados em função do número de acidentes rodoviários que têm provocado muitos traumas, principalmente no seio da camada juvenil.

“Infelizmente, as nossas estradas têm provocado muitos traumas por acidentes rodoviários, que atingem sobretudo a juventude e entendemos que era preciso fazer um hospital para atender apenas os traumatizados”, explicou.

Ainda no quadro do investimento que o Governo tem feito no sector da Saúde, o Presidente João Lourenço adiantou a conclusão, no próximo ano, dos hospitais do Sumbe, na província do Cuanza-Sul, de Ndalatando, no Cuanza-Norte, e, provavelmente, de Mbanza Kongo, no Zaire, e em Ondjiva, no Cunene.

“Se estamos recordados, no meu primeiro mandato, tinha dito que os avultados recursos que o país estava a despender com a Junta Médica de Saúde, enviando milhares de cidadãos angolanos para tratamento no exterior, até por doenças que em princípio podiam ser tratadas aqui, seriam investidos no país. É o que estamos a fazer, cumprir com o que prometi”, lembrou, esclarecendo que a Junta Médica de Saúde não terminou, mas  que ficou muito reduzida a casos especiais, sem capacidade de resposta ou de resolução no território nacional.

“Hoje,  ninguém  sai de Angola para ir fazer hemodiálise, são poucos os que saem para operação ao coração ou à coluna”, sublinhou, dando mérito de todo o trabalho aos jovens médicos angolanos, formados no país, frisando que a aposta não é só na construção de infra-estruturas, mas também na formação de quadros nacionais.

“Não só  estamos a construir infra-estruturas, como também a apostar na formação dos jovens angolanos, e grande parte destes está no Hospital Dom Alexandre do Nascimento e em outras unidades modernas, colocados ao serviço das populações. São jovens que fizeram a licenciatura na Universidade Agostinho Neto (UAN), procuraram especializar-se no exterior, regressaram ao país pelo sentido patriótico, porque hoje no mundo existe a tendência do “roubo de cérebros”, mas temos tido a sorte de ver esses jovens de volta para servir o país”, frisou. 

Projectos a concluir este ano

Para este ano, segundo o Presidente João Lourenço, está prevista a inauguração, em Dezembro, do Hospital de Caxito, que vai ajudar a reduzir a procura dos doentes vindos do Bengo, que, regra geral, buscam tratamento na capital do país.

      Para Luanda, também está prevista para o próximo ano a inauguração do Hospital Geral de Cacuaco.  

Ao falar sobre as obras de construção do novo Hospital dos Queimados, na Centralidade do Kilamba, cuja execução física é de 12,5 por cento, e a conclusão prevista para Março de 2025, João Lourenço adiantou que a antiga unidade hospitalar, que está em reabilitação e ampliação, deve ser entregue nos próximos dias.

“Em relação ao Hospital dos Queimados, pelo tempo de execução da obra, acreditamos   que vai ser respeitado o compromisso de entrega dentro do prazo. Nesta altura, Luanda passará a contar com dois hospitais dos queimados, contando com o antigo que se encontra na sua fase de conclusão e que deve ser entregue nos próximos dias”, informou, acreditando que as duas infra-estruturas em funcionamento vão responder às necessidades de atendimento aos pacientes queimados, uma vez que tem havido muitos sinistrados de incêndios domiciliares e não só, que atingem pessoas de todas as idades, incluindo crianças.

Por isso, acrescentou, havia a preocupação em função da falta de capacidade de resposta em relação ao número de casos que surgem no país, particularmente em Luanda, que tem mais de 10 milhões de habitantes.

“Só Luanda vai ficar com hospitais dos queimados, mas as restantes províncias podem ter uma ala dentro dos hospitais gerais, para atender os queimados, uma vez que é impossível trazer todos os sinistrados do país para Luanda”, referiu.

Ao responder aos jornalistas, João Lourenço falou de duas obras visitadas, mas com balanços diferentes. Em relação à construção do Hospital Geral de Viana, mostrou-se insatisfeito com o andamento das obras, que nesta altura já deviam estar num nível mais avançado. Por esta razão, chamou a atenção para a necessidade do cumprimento do contrato, que deve ser respeitado.

“Eu esperava encontrar a obra de Viana num estado de execução mais avançado, daí ter saído preocupado porque nós temos metas bem definidas, prazos por cumprir e um fiscal que nos cobra, que são os angolanos. Por esta razão, temos de exigir o mesmo dos empreiteiros, que também se devem  preocupar com a necessidade da execução das empreitadas nos prazos previstos nos contratos”, sublinhou, frisando que os contratos são negociados, aprovados e devem ser cumpridos, salvo por razões de força maior, em que exista situações que se dá algum período de tolerância, mas que espera não ser o caso, sobretudo se o empreiteiro tiver outras obras por executar.

  Uma unidade sanitária completa

O futuro Hospital dos Queimados vai muito além da sua especialidade. Nos quatro edifícios que estão a ser erguidos, vão funcionar, também, entre outros serviços, clínicas externas, imagiologia, urgências, internamento para pediatria e para adultos, seis blocos operatórios e sala de fisioterapia. A grande inovação para a área dos queimados é a implementação das câmaras Hiper Bariátrica, um serviço que fornece 100 por cento de oxigénio e ajuda o transporte do mesmo pelo sangue.

Segundo dados do representante da empresa de fiscalização Dar Angola, o engenheiro civil Eric Ceita, o Hospital tem uma capacidade para 248 camas, com uma área de 364 vagas para estacionamento. No geral, a infra-estrutura está a ser implementada numa área de 9,5 hectares, ou seja, a área do terreno,  e construída, que é o volume de construção, numa área de 48 mil metros quadrados.

A obra, que começou em Março de 2022, está numa fase de estrutura. O edifício principal, que conta com seis pisos, está mais avançado. Com a obra, foram gerados, em média, cerca de 270 empregos e tem um progresso financeiro de 8,76 por cento.

O edifício auxiliar, o segundo a ser construído com apenas um piso, está reservado para área técnica, o terceiro, também com um piso, vai ser a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e o quarto, igualmente com um piso, será destinado à Estação de Geração de Oxigénio.

Para o administrador do Kilamba, Hélio Aragão, o hospital representa um ganho para a centralidade, na medida em que o município de Belas  conta apenas com um centro médico para responder às necessidades de uma população de cerca de 240 mil habitantes.

“Como sabe, trata-se de uma infra-estrutura que vai atender o Kilamba, o município de Belas e os vizinhos. A população muito agradece, porque há muito que clamava por uma estrutura do género, que embora sendo de especialidade, vai prestar outros serviços”, referiu.

Hélio Aragão explicou que na falta de mais unidades, muitos desses habitantes procuram os serviços de Saúde no município de Talatona e uma boa parte chega até ao Hospital Geral do Camama, pela proximidade.

“O Kilamba, neste momento, tem apenas um centro de saúde que não responde às necessidades dos 245 mil habitantes, incluindo os da zona dos Bitas,  Cinco Fios, Santo António, Progresso e Vila Flor, que hoje fazem parte da zona do Kilamba. Mas a centralidade, como tal, tem apenas 120 mil habitantes”, esclareceu.