Uma corrida contra o tempo. É o que se pode dizer das obras para a conclusão do Novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto (AIAAN), em construção na comuna do Bom Jesus, Icolo Bengo, cerca de 45 quilómetros a Sudeste da capital angolana.
Antes de Dezembro, o aeroporto deve ser inaugurado, como deixou claro o Presidente da República, João Lourenço, ontem, em declarações aos jornalistas, no final de uma visita ao empreendimento, a terceira este ano, para ouvir, primeiro dos responsáveis da infra-estrutura e, depois, constatar o grau de execução das obras. O Chefe de Estado considerou que a visita permitiu “desbloquear alguns constrangimentos”, que são referidos numa outra peça desta reportagem.
O AIAAN foi desenhado para ser uma referência da aviação à escala regional e internacional.
Essa é a conclusão a que, facilmente, se chega, quando se olha para os números que conformam a infra-estrutura aeroportuária, destinada a ser a principal porta de Angola para o mundo. Só de área, são 75 mil metros quadrados, que acomodam um conjunto de serviços para um mercado tão exigente, quanto complexo, como o da aviação.
Vários edifícios foram concebidos, para garantir as operações. O de apoio ao controlo de tráfego aéreo ocupa uma área de mais de cinco mil metros quadrados, onde estão um piso subterrâneo e outros vinte e cinco acima do solo, com oitenta e dois metros de altura.
Nada aqui foi deixado ao acaso. Há ainda os edifícios de radar, meteorológico, inspecção, segurança e controlo, gestão de navegação aérea e aeroportuária, bem como protocolar. Juntos totalizam uma área de construção de cerca de 22.150 metros quadrados.
Mas de números não é tudo. O edifício que acolhe os sistemas e equipamentos de controlo de informação do complexo aeroportuário, incluindo uma área de formação aeronáutica, ocupa 2.500 metros quadrados, de um total de sete mil.
Os serviços de engenharia e equipamentos, controlo de tráfego aéreo e gestão de informação aeronáutica têm o mesmo espaço e uma área de construção de 5.800 metros quadrados. No total, são quatro pisos.
Ao que apurou o Jornal de Angola, o Novo Aeroporto Internacional de Luanda é, também, um projecto concebido para receber mesmo o Airbus A-380, que com capacidade para mais de 850 passageiros, é considerado o maior avião comercial do mundo. E isso diz bem da dimensão desta empreitada.
Um detalhe: Em vários países, as instalações dos aeroportos em que este tipo de avião opera foram adaptadas para acomodá-lo com a segurança adequada.
Além da dimensão colossal, a diferença com o Aeroporto Internacional “4 de Fevereiro”, com apenas um terminal internacional de passageiros, é que o novo conta com dois, um para a TAAG e outro para outras companhias aéreas. Um terceiro terminal, para servir os voos domésticos e regionais, estará, igualmente, disponível.
Estima-se que cerca de 15 milhões de passageiros, dos quais 10 milhões de estrangeiros, passem anualmente pelo AIAAN, enquanto a quantidade de carga a movimentar cifra-se em 130 mil toneladas. E quando se fala, aqui, de voos regionais, está-se a olhar para um mercado de mais de 415 milhões de habitantes, algo muito significativo. Nisso, o país pode capitalizar com o novo aeroporto.
Numa primeira fase, serão instaladas 19 mangas, de um total de 31, segundo dados disponibilizados pelos gestores do projecto. Seis “ilhas” para 94 balcões de “check in”, 64 na primeira fase e 40 para os serviços migratórios, além de leitura digital (facial pass), corporizam a área de partidas.
Nas chegadas ao aeroporto, que tem reservado uma vasta área comercial para produtos isentos de impostos, pequenas lojas, bares e restauração, estão disponíveis 30 balcões para os serviços de migração e dez equipamentos de leitura digital e, numa primeira fase, seis tapetes rolantes, dos nove previstos. Os passageiros em trânsito terão à disposição um hotel com 53 quartos no interior do terminal e outros 500 numa unidade a ser erguida no exterior.
A partir do Bungo, com passagem pelas estações dos Musseques, Viana e Baia, o aeroporto tem um ramal de ligação dos Caminhos-de-Ferro de Luanda e já com obras adiantadas.
Uma clínica médica aeroportuária, Centro de Bombeiros, Estação de Bombagem de Água, uma subestação principal de energia eléctrica e outra da iluminação visual de apoio à navegação , entre outros serviços relevantes, estão disponíveis no aeroporto, que é, seguramente, das mais emblemáticas obras a inaugurar este ano.