Sonangol começa perfurações para reactivar dois poços

A Sonangol anunciou, para Agosto, o arranque da perfuração de dois poços de petróleo no Bloco Kon 11, da Bacia Terrestre do Kwanza, em activos com potencial para contribuir para o crescimento da produção operada pela companhia, elevando-a de 2,0 para dez por cento do total da indústria petrolífera angolana.

O presidente da Comissão Executiva da Unidade de Negócio de Exploração e Produção (UNEP) da Sonangol, Ricardo Van Deste, declarou, citado pelo programa “Ngol”, emitido pela companhia na RNA, que o Kon 11 foi identificado como o bloco de maior potencial de reactivação.

O Campo Tobias, onde o Bloco está implantado, foi descoberto em 1961 com um volume inicial de 94,3 milhões de barris, tendo operado até 1996, quando foi abandonado com 28,95 milhões de barris produzidos, com um remanescente de 65,35 milhões de barris.

No pico das operações, o Kon 11 teve uma produção de 18 mil barris por dia, obtida de um total de oito poços, onde se obtém “um óleo leve, de qualidade muito boa e muito bem aceite pela nossa refinaria”, afirmou Ricardo Van Deste, lembrando que, “no passado, este campo foi um dos que forneceu óleo à Refinaria de Luanda”.

 
Metas da perfuração

A perfuração visa confirmar o potencial de produção do reservatório para, com esses resultados, optimizar o plano de desenvolvimento, embora a companhia já encare o Campo Tobias como a oportunidade para acelerar o início da produção. 

De acordo com Ricardo Van Deste, “a UNEP tem estado há alguns anos a desenvolver estudos de avaliação do potencial dos seus blocos operados na zona terrestre da Bacia do Kwanza”, com o que  identificou o Kon 11 como “o activo com maior potencial de reactivação da produção”, algo que pode acontecer no curto prazo.

O Bloco Kon 11 é o primeiro a ser perfurado no quadro dessas operações, estando os trabalhos de preparação do terreno em fase de conclusão, disse Ricardo Van Deste, considerando tais operações como um marco importante para a indústria petrolífera angolana, “porque marca o início das actividades de exploração e produção numa área com grande potencial, mas que está sem produção desde os anos 90”.

O presidente da Comissão Executiva da UNEP disse que, apesar dos  negócios que lidera ser a primeira a perfurar poços nessa bacia, se espera que outras operadoras invistam em activos do género.

Ricardo Van Deste indicou que a Sonangol já submeteu o estudo de impacto ambiental às autoridades competentes e planificou as actividades de forma a mitigar o impacto das operações de perfuração sobre o meio ambiente, revelando, também, a oferta de emprego para as populações das áreas em que decorrem as operações.

O Sonangol lidera, nessa operação, um consórcio  que integra, entre outras, a Brite Oil & Gas Limited, com uma participação de 25 por cento,  a Atlas Petroleum Exploration WorldWide (20 por cento) e a Omega Solution Angola (5,00 por cento).  

Dados disponíveis na Redacção deste Jornal indicam que operações como esta estão previstas nos planos da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) de reversão do declínio da produção petrolífera.

Em Junho, na apresentação das Licitações Petrolíferas 2023, o director do Gabinete de Planeamento da ANPG, Euclides Andrade, anunciou a previsão de um incremento de cerca de 40 por cento dos investimentos no sector petrolífero, face aos últimos cinco anos, em resultado da entrada em produção de oito blocos petrolíferos na Bacia Terrestre do Kwanza e quatro na Bacia do Baixo Congo.

Isso, indicou Euclides Andrade, está inserido na Estratégia Geral de Atribuições de Concessões 2025, cujo objectivo final é atenuar o declínio de produção e aumentar as reservas petrolíferas do país para assegurar a sustentabilidade  do sector.

O responsável recordou que actividade petrolífera no país começou no início dos anos de 1900 e o primeiro registo de exploração ocorreu em 1910, seguindo-se de um percurso de descobertas comerciais que culminaram com o arranque da produção petrolífera na década de 60.

Depois disso, registou-se um percurso consistente de produção até ao início da década de 2000, marcado por um período “dourado”, em virtude da exploração de blocos de águas profundas e  ultraprofundas, que permitiu atingir, em 2008,  o pico de produção na ordem dos 1,9 milhões de barris por dia.

O responsável disse que o intervalo entre 2009 e 2015 foi um período razoável, ao passo que a partir de 2016, o país tem registado um declínio de produção ao qual o Executivo quer fazer face, levando a cabo um conjunto de reformas no sector para criar as condições de responder ao declínio.