“Sembistas” rendem homenagem ao compositor Carlos Lamartine

O músico e compositor Carlos Lamartine faz hoje, às 9h00, o lançamento do disco denominado “Gerações de Ideias”, no Centro Cultural e Recreativo Kilamba, em Luanda, depois da homenagem recebida na passada quinta-feira com as medalhas “Militante de Vanguarda” e “Hoji Ya Henda”, acto ocorrido na sede do MPLA.

O lançamento do disco terá uma sessão de venda e assinatura de autógrafos, bem como vai ser sucedida de um almoço de confraternização e que vai terminar com a realização de um espectáculo de aproximadamente duas horas. Entre os convidados de hoje, consta a presença da vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, a quem Carlos Lamartine endereçou, pessoalmente, na passada quinta-feira, um convite especial.

O músico garantiu que durante a jornada cultural e artística está reservado um momento onde devem ser revelados os pormenores e detalhes da produção da obra discográfica. O anfitrião tem como convidados Lulas da Paixão, Ary e Mago de Sousa, todos acompanhados pela banda Maravilha. A jornada cultural e artística, vai, igualmente, contar com a exibição dos grupos tradicionais Semba Muxima e do ballet Nzinga Mbandi que vão apresentar as músicas e danças folclóricas africanas.

Aos “farristas”, Carlos Lamartine, Prémio Nacional de Cultura e Arte, edição de 2017, na categoria de música, garantiu fazer uma verdadeira viagem ao passado pelo semba, explorando a versatilidade e habilidades únicas da Banda Maravilha. Durante o espectáculo, disse, vai poder recordar os maiores sucessos e juntamente com os convidados fazer uma festa típica dos angolanos. Durante o espectáculo vão, ainda, ser promovidos outros estilos musicais como o bolero e a kilapanga.

Carlos Lamartine, por fazer parte dos grandes artífices da música nacional, tendo as suas composições e interpretações assentes não apenas na canção popular urbana e abordarem os géneros satírico e revolucionário, como a trova e o folclore, enriquecendo e valorizando o universo contemporâneo da música angolana, espera-se de hoje um espectáculo como resultado de mais de seis décadas dedicadas à música.

Livro de estreia a venda

O cantor Carlos Lamartine que se estreou, a 29 do mês passado, no mundo literário ao publicar no Pátio da Liga Africana, o livro intitulado “Ser Poeta em Harmonias e Silêncios”, exactamente no dia em que completou 80 anos, volta a comercializar o mesmo livro, enquanto estiver a decorrer a jornada do lançamento do disco, o almoço e o espectáculo.

O livro foi editado pela Mayamba e redigido pelo director-geral da editora, Arlindo Isabel, onde são descritas as várias canções interpretadas pelo cantor, muitas delas também escritas por Lamartine, desde o início da carreira, na década de 50 do século passado.

O músico referiu, que o livro reflecte a sua personalidade física e espiritual, bem como procura fazer uma homenagem aos grandes homens e as grandes obras da Cultura Nacional. A obra tem servido já como fonte de pesquisa para os novos valores da música angolana e não só.

Carlos Lamartine, de 80 anos, é licenciado em pedagogia e especializado em história. É um profundo conhecedor das origens da música popular angolana e um dos principais protagonistas. José Carlos Lamartine Salvador dos Santos Costa nasceu em 1943 numa casa de pau-a-pique por debaixo de uma grande árvore, num musseque na cidade de Benguela. Juntamente com parentes e amigos da sua geração e das gerações que o seguiram, “Man Lamas” marcou a história da música angolana.

Em 1953, o pai foi transferido para Luanda e levou o Carlos e duas irmãs com ele, num barco que tinha o nome de “Colonial”, que mais tarde ficou eternizado numa música do conjunto N’gola Ritmos. Em Luanda, foram viver para o chamado Bairro Indígena, um bairro novo destinado para os trabalhadores e funcionários negros de baixo rendimento social e que foram despejados do centro habitacional da capital. As condições de vida eram modestas, mas vindo da pacata cidade distrital de Benguela, o músico ficou impressionado com a dimensão e grandeza de Luanda.

Após a mudança para o Bairro do Marçal, o Carlos Lamartine, como era muito estimado e querido, fundou, com outros jovens do bairro, o seu primeiro grupo musical, a turma “Os Kissweyas”. Logo após a Revolução dos Cravos do 25 de Abril de 1974, o Carlos Lamartine, integrado nas fileiras dos militantes do MPLA, tornou-se no mais popular músico, tendo sido co-autor do Hino Nacional de Angola “Angola Avante”.

Participou como Regente do Hino no acto da Proclamação da Independência no dia 11 de Novembro de 1975. Em 1987 deixa as tarefas no partido e passa aos quadros da Secretaria de Estado da Cultura. Em 1995 foi nomeado Director Nacional de Acção Cultural, tendo em 2007 sido colocado no Brasil com funções de Adido Cultural na Embaixada da República de Angola. Esteve, entretanto, em Portugal no ano 1996 para fazer o lançamento do seu primeiro disco.

“Man Lamas” e “Kota Bué” no Miramar

Carlos Lamartine “Man Lamas”  e Calabeto “Kota Bué” juntam-se, amanhã, ao Conjunto Os Kiezos, no restaurante da Unidade Africana, no projecto musical “Domingo em Família”. O autor de “Pala Ku Abesa Ku Muxima” vai pela primeira vez no espaço, enquanto que para o músico Calabeto será de regresso.

A presença de Lamartine é justificada pela organização da actividade que pretende juntar-se às comemorações do seu octogésimo aniversário celebrado no passado dia 29 de Março, com o lançamento do livro  “Ser Poeta em Harmonias e Silêncio”, bem como a sua recente passagem pelo programa cultural “Kuimbila Ni Kukina Semba”, a homenagem recebida no programa radiofónico “Quintal do Ritmo”, da Rádio Cultura, do partido MPLA com as medalhas “Militante de Vanguarda” e “Hoji Ya Henda”.

Por sua vez, Calabeto volta a animar o projecto recorrendo aos temas habituais e foi o segundo convidado da passagem do conjunto Os Kiezos no “Domingo em Família”. Em Janeiro deste ano, brindou os convivas com a sua ginga característica na qual interpretou os temas: “Nzambi”, “Nbinza Yami”, “Bomba” e “Nga Musenge”. Os Kiezos acompanham os convidados e apresentam temas históricos do conjunto e têm saído da zona de conforto.