Ministro destaca pensamento estratégico de Agostinho Neto na cultura nacional

O ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, destacou, esta quinta-feira, em Luanda, a importância das celebrações do 8 de Janeiro, Dia da Cultura Nacional, por se reflectir no “pensamento estratégico do primeiro Presidente e Fundador da Nação, Agostinho Neto, na edificação da Cultura Nacional”.

O ministro Filipe Zau que efectuou a tradicional deposição de coroa de flores no sarcófago do Primeiro Presidente de Angola, na Praia do Bispo, juntamente com o vice-governador da Província de Luanda para o sector Político e Social, Manuel Gonçalves, associou a efeméride ao discurso feito pelo “Poeta Maior”, em 1979, na União dos Escritores Angolanos (UEA), sobre a cultura nacional, aquando da tomada de posse dos corpos gerentes daquela instituição.

No discurso, lembrou, foi exaltado o “sentido de unidade nacional e respeito à diversidade cultural” como uma das suas preocupações e da importância de se criar um clima de harmonia no plano da unidade territorial, para a consolidação da independência.

Neste célebre discurso, o ministro lembrou que no pensamento de Agostinho Neto estava clara a ideia da valorização das línguas africanas de Angola, sobretudo pelo papel a desempenhar no desenvolvimento económico e social do país. “Neto dizia que nunca deveríamos nos apegar somente na língua oficial e de escolaridade, o português, mas trabalhar, também, com as línguas de convívio”.

Filipe Zau disse que estes foram alguns dos elementos que marcaram o discurso do estadista e que nos dias de hoje deve continuar a permanecer como directrizes futuras para se trabalhar no sentido do desenvolvimento da cultura nacional. Destacou o facto de haver uma sociedade plurilinguística e que precisa “atender às diferenças socioculturais, num sentido único, de construção de um só povo, uma só nação”.

Quanto às linhas de forças para o ano de 2023, explicou, existe muito trabalho para se desenvolver com a edificação do Palácio da Música e do Teatro, os problemas sociais da classe artística no geral. “Os artistas dão o melhor de si, desempenham um papel importante para a valorização da cultura nacional que não está a ser suficientemente valorizada pela sociedade”.

Neste sentido, Filipe Zau alertou para a importância da comunicação social continuar a implementar programas de promoção da vida e obra dos criadores nacionais. O ministro mostrou-se atento e, ao mesmo tempo, preocupado com a necessidade de se dinamizar e implementar o projecto da “Casa do Artista”, para garantir algum apoio social à classe e salvaguardar os Direito de Autor e Conexos.

Sublinhou que a mesma condição dos artistas, também acontece com os profissionais da comunicação social por não se reconhecer muitas vezes que aqueles que são solicitados para a cobertura dos eventos culturais, são profissionais que trazem da voz do povo as angústias, preocupações e alegrias nos vários domínios da vida socio-cultural nacional.  

Para este ano, disse, uma das prioridades, certamente, será o reconhecimento da endogeneidade caracterizado pela relação entre tradição e modernidade.

“Vamos trabalhar para erguer o Memorial dos Ngola, Ndeka dia Kinda, questões relacionadas com as lutas de libertação e unidade nacional”, traçou.  

No entanto, reconheceu, existem questões de carácter artístico ainda por se resolver, mas que a cultura engloba outros sectores que também devem fazer parte do programa de acção do ministério. Filipe Zau frisou que, do ponto de vista religioso, o Executivo conta com essas instituições como parceiras para o desenvolvimento. O ministro lembrou que a cultura é transversal, sobretudo no quesito educação, por estarem associadas.
Turismo cultural

O país tem estado nos últimos tempos a receber muitos navios cruzeiros e comboios culturais internacionais, permitindo a entrada de muitos estrangeiros que procuram conhecer melhor a realidade cultural dos povos e locais com valores históricos. Questionado sobre as condições que o tem para a recepção das caravanas turísticas, ressaltou, igualmente, que são questões a serem enquadradas nos aspectos da transversalidade. “A cultura também está associada ao turismo, e quando os turista chegam ao país não é para ficar confinados nas unidades hoteleiras, porque querem conhecer os locais históricos como museus, a gastronomia e os estilos musicais e as danças. O país tem riqueza natural e cultural, factores atractivos para a vinda de muitos turistas, mas para isso precisamos continuar a criar condições para a dinamização do turismo em todas as vertentes”, destacou.

 
Projecto de construção

A dimensão do estadista e homem de cultura, está reflectida no Memorial da Praia do Bispo, que tem como objectivo a conservação, perpetuação e investigação da vida e obra do Primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto.

O Memorial foi erguido pelo Executivo como forma de reconhecimento da grandiosidade dos seus feitos como humanista, patriota e os seus actos em prol da Independência Nacional, desenvolvimento de Angola e África.

 
Honras em memória de Neto

O secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), David Capelenguela, defendeu, ontem, em Luanda, a necessidade de  homenagear sempre a figura do primeiro Presidente da República.

À saída da abertura das celebrações do Dia da Cultura Nacional, realizada no Memorial Dr. António Agostinho Neto, David Capelenguela lamentou o facto de “somente se homenagear Neto em datas especiais”. Deixou claro que uma personalidade como a do estadista e homem de cultura “deve ser motivo de debates nas academias e falado sempre”.

Na ocasião, David Capelenguela frisou, também, que é quase impossível falar de cultura no país sem mencionar a figura de Agostinho Neto, “um homem de alta sensibilidade, que lutou para a valorização da cultura nacional, bem, por aquilo que nos representa como angolanos”, reconheceu.

Enquanto um dos membros da “casa das letras”, David Capelenguela associou a efeméride à figura histórica de Neto, como um grande marco para a cultura nacional. 

“Estamos a preparar duas actividades que envolvem a vida e obra de Agostinho Neto, conduzidas pelos académicos e escritores Abrel Paxe e Paulo de Carvalho”, pontuou.  As mencionadas actividades acontecem hoje, às 15h, na sede da União dos Escritores Angolanos.   

O também escritor, sublinhou, ainda, que a UEA jamais ficaria de fora das celebrações do Dia da Cultura Nacional por representar o interesse da classe artística nacional. “Enquanto associação cultural que defende os interesses dos escritores, temos o compromisso de ajudar na valorização dos valores e símbolos do país”, concluiu.

As comemorações do Dia da Cultura Nacional enquadram-se nos festejos do centenário do Primeiro Presidente da República. O Ministério da Cultura tem estado a desenvolver várias visitas a locais e sítios de carácter histórico, como o que efectuou ontem ao Memorial e à Biblioteca Nacional.


Programa de actividade prevê a realização de visitas a museus

As jornadas de actividades comemorativas ao 8 de Janeiro, Dia da Cultura Nacional, prevê para hoje, às 10h00, uma visita guiada ao Museu de Antropologia, na baixa da cidade de Luanda, de acordo com o programa da Direcção Nacional da Acção Cultural do Ministério da Cultura e Turismo. Para amanhã, no mesmo horário, realiza-se igualmente uma visita ao Museu Nacional de História Militar. Ontem, a directora Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto, Tatiana Mbuta, disse que Governo Provincial de Luanda tem um vasto programa à margem das festividades da efeméride onde ao longo do mês em curso, vai homenagear alguns dos artistas pelo contributo prestado em prol do desenvolvimento da cultura nacional nas mais variadas disciplinas artísticas.

No decorrer de uma visita guiada, ontem, no Memorial Dr. António Agostinho Neto, disse que serão realizadas várias actividades a nível das administrações municipais. A responsável realçou ainda que o município de Viana vai organizar no fim-de-semana uma feira multidisciplinar que vai congregar o desporto, turismo e cultura. Tatiana Mbuta adiantou, igualmente, que o governo tem trabalhado para resgatar a mística que se tinha do antigamente e que consta no programa a realização de vários eventos culturais. “Para a ocupação dos jovens, serão realizadas diversas excursões a fim de desenvolver as suas capacidades cognitivas e esperamos receber contribuições dos mesmos para desenvolvermos a nossa província”, reiterou Tatiana Mbuta.