Poetisa Isabel Ferreira apresenta “Kissângua Agridoce” em Lisboa

“Kissângua Agridoce” é a mais recente proposta literária da autora angolana Isabel Ferreira acaba de colocar no mercado, no nono livro da escritora, que trocou a advocacia pela arte, sendo o sexto escrito no género poesia.

Segundo o site “Vivências Press”, admirada pela sua escrita persuasiva, mas também pela sua tenacidade e resiliência enquanto mulher, activista e africanista, Isabel Ferreira busca, na sua mais recente obra, abordar questões actuais como a política mundial, a imigração e as incertezas vividas em tempo de pandemia, altura em que se lançou ao desafio de escrever “Kissângua Agridoce”.

O livro reúne, para além de poemas da autora, três textos críticos que fazem uma reflexão sobre a obra de Isabel Ferreira, assinados pela professora de Literatura Rosângela Rauen, pelo jornalista Carlos Gonçalves e pela artista Elenira Vasconcelos Silva.

Carlos Gonçalves, a quem recaiu, igualmente, a responsabilidade de apresentar o livro “Kissângua Agridoce”, destacou no evento a presença da poesia de Isabel Ferreira na realidade social em que a autora está inserida, nomeadamente em Angola e Portugal.

“Sabemos que é difícil gravar com palavras todos os sentimentos do estado social que se vive em Angola e que ela vive em Portugal, e nesta reunião de textos Isabel Ferreira traduz estes sentimentos”, refere, considerando que o artista deve ser capaz de interpretar os sentimentos das pessoas, sejam eles bons ou maus, “porque a vida é feita dessas coisas todas que ela (Isabel Ferreira) chama de agridoces”.

Carlos Gonçalves falou, igualmente, da diversidade temática presente na obra de Isabel Ferreira, cuja capacidade sensitiva lhe permite recriar aspectos da realidade urbanística de Luanda e trazê-los nos seus escritos. A académica Mwewa Lumbwe, por sua vez, afirma que a autora é uma mulher guerreira, tenaz e lutadora que desafia as vicissitudes da vida e vai à luta.

“Ao ler os seus escritos, parece-nos que, por vezes, estamos perante uma fortaleza onde as lágrimas encalham no rosto do homem, pois a sua poesia é de uma sensualidade profunda, pelo que alguns a vêem como a Florbela Espanca angolana”, escreve a crítica de origem congolesa, concluindo que o leitor apaixona-se pela escrita da autora que se ex-pressa “sem o estigma da discriminação e do paradigma editorial convencional”.

Já o académico Artur Patrício, que prefaciou o livro “Kissângua Agridoce”, refere que Isabel Ferreira conseguiu “derrubar as adversidades do amor num delicado sentimento, moldando a alma e transformando cada milímetro de um quase ‘abismo’ numa responsabilidade que cruza o ontem, o agora e o depois, que identifica cada lágrima e cada sorriso no rosto, pois sentimos a dor, a revolta, a alegria e a força do amor incondicional”.

“Não são apenas palavras escritas, são letras de desabafo profundo, de um amor que nos eleva para lá dos sonhos e dos limites das folhas de papel…”, escreve.

O acto do lançamento da obra “Kissângua Agridoce”, realizado na última sexta-feira, na Biblioteca São Lázaro, em Lisboa, num ambiente marcado por intervenções culturais bastante emotivas, reservou um espaço para declamação de alguns poemas, e ao som do acordeão do músico angolano Paulo Pakas e do kora do guineense Mestre Galissa, mulheres como Isménia Silva (de Angola), Mabel (do Brasil), Su Sam (de Moçambique), Goretti Pina (de São Tomé e Príncipe), entre outras figuras convidadas, emprestaram a sua voz à poesia de Isabel Ferreira.

De referir que o primeiro livro da autora, intitulado “Laços de Amor”, poesia, foi apresentado em 1995. Nascida em Luanda a 24 Maio de 1958, a escritora tem ainda publicado os livros “Caminhos Ledos” (poesia, 1996), “Nirvana” (poesia, 2004), “À Margem das Palavras Nuas” (poesia, 2007), “Fernando Daqui” (romance, 2007), “O Guardador de Memórias” (2009), “O Coelho Conselheiro Matreiro e Outros Contos Que Eu Te Conto” (infanto-juvenil, 2012) e “O Leito do Silêncio” (poesia, 2014).

Isabel Vicente Ferreira tem cartas dadas, igualmente, na música e na dramaturgia, tendo integrado o grupo musical FAPLA-Povo, o Grupo Amador de Dança e o Grupo Experimental de Teatro. É formada em Direito pela Universidade Agostinho Neto, tendo exercido advocacia por algum tempo, mas a sua paixão pelas artes fizeram-na viajar para outro campo, tendo-se graduado em Dramaturgia pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Amadora (Portugal) e especializado em Dramaturgia pela Universidade de São Paulo.