ONU quer Angola como um exemplo para países em conflito no continente

Os membros do Bureau do Comité Consultivo Permanente das Nações Unidas sobre Questões de Segurança na África Central (UNSAC) mostraram satisfação com os resultados obtidos por Angola no quadro da consolidação da paz e sugeriram que o país deve servir de exemplo aos que estão em conflito e aos saídos desta realidade no continente.

A avaliação resultou da visita de constatação que a UNSAC realizou, de 7 a 11 deste mês, às províncias do Bié, Huambo e Benguela, para aferir o desenvolvimento actual do país no período pós conflito. 

Os membros da UNSAC auguram, por outro lado, que o país continue firme no trabalho em prol da materialização de uma maior integração económica nacional.

Angola decidiu centrar a visita ao terreno sobre temas de como a paz não deve ser apenas a ausência de conflitos, mas antes um processo positivo, dinâmico e participativo, onde se promova o diálogo e se solucionem os conflitos num espírito de entendimento e cooperação mútuos. A iniciativa visou mostrar, ainda, que o impacto do desenvolvimento da economia afecta, de forma positiva, o processo de reconciliação e reconstrução de um país saído de um conflito armado, partilhar experiências sobre como Angola alcançou a paz definitiva e continua a trabalhar, afincadamente, para garantir a sua preservação e consolidação.

O balanço refere que as províncias do Bie, Huambo e Benguela foram escolhidas por fazerem parte de uma das regiões que mais sofreram durante o conflito e que conseguiram erguer-se e apresentar níveis satisfatórios de desenvolvimento e manter a paz e reconciliação entre os seus povos. “Estas três províncias, também, fazem parte do Corredor do Lobito, que se estende até à República da Zâmbia e à RDC, passando pela província do Moxico”. lê-se no documento.

Na província do Bié, a delegação desenvolveu uma agenda de trabalho que incluiu visitas a diferentes localidades, monumentos e sítios, tais como Memorial da Batalha do Cuíto, para render homenagem em memória às vítimas do conflito, município de Cunhinga.

A delegação foi informada sobre a situação operacional da acção de desmi- nagem nas diferentes localidades da província do Bié e, em particular, no município do Cunhinga.

Em Camacupa, o grupo cumpriu um roteiro extensivo passando pelas fazendas agro-industrial da Caixa Social das Forças Armadas e a fazenda Arrozal.

Nesta visita, os delegados da UNSAC foram informados acerca dos diversos processos de produção e transformação de produtos agrícola, em especial o arroz e o milho, assim como foi ampliada a compreensão da inclusão dos ex-combatentes nas esferas produtivas e integração social e a responsabilidade social dos projectos em relação à população local.

Potencialidades agrícolas de Catabola

No município de Catabola, o grupo manteve contacto com as potencialidades agrícolas da região e o esforço das autoridades na reconstrução das infra-estruturas económicas e sociais, assim como visitaram a Cerâmica Prémio da Paz, pertencente à Caixa Social das Forças Armadas.

A delegação mostrou-se satisfeita pela constatação dos ganhos e consolidação da paz, pela calorosa recepção e hospitalidade recebida e pelo símbolo de vitória e humanismo de um povo que aprendeu a perdoar, honrar a memória dos que se sacrificaram em prol da paz, carregando o lema “Bié mais do que uma província, é uma Paixão”.

Na ocasião, os delegados mantiveram contacto com a Halo Thust, que enalteceu a liderança demonstrada pelo Governo angolano, tendo afirmado ser um dos poucos países afectado pelas minas terrestres, mas que se transforma, agora, um dos principais doadores do processo de desminagem, estando, actualmente, a financiar directamente cerca de metade das acções de desminagem da Hallo Thust.

Ainda no Huambo, a delegação visitou o Reino de Bailundo, no município com o mesmo nome, cujo Rei, Tchongolola Tchongonga, apresentou um historial sobre os aspectos históricos, culturais e políticos do designado Reino.

Na província de Benguela, a delegação visitou a sede do Caminho de Ferro de Benguela, o Porto do Lobito, o Porto Mineiro, a Central Solar Fotovoltaica do Biópio, bem como o projecto da refinaria do Lobito.

No entender da delegação, estas infra-estruturas continuam a ser reservas estratégicas importantes do Governo angolano, que asseguram o incremento da circulação comercial entre Angola e diferentes países do mundo, via Porto do Lobito e, simultaneamente, realçam a importância do Corredor do Lobito no quadro de uma maior integração na região da África austral e central.

De acordo com o balanço da operação, a que o Jornal de Angola teve acesso, a jornada de campo fundamentou-se na partilha de experi- ências e observação de como o desenvolvimento socioeconómico traduz-se num fenómeno positivo que garante a estabilidade política de um povo.

O documento refere que, de acordo com as normas da Organização, durante o exercício de cada mandato, é consagrado um conjunto de actividades, entre as quais uma visita ao terreno sobre a dinâmica da paz e da segurança na sub-região.