A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, domingo, por consenso, em Nova Iorque, o “Pacto para o Futuro”e os seus anexos, cuja novidade recai para os acordos inéditos sobre a governação internacional da Inteligência Artificial (AI) e desarmamento nuclear.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, considerou o marco essencial no processo de reforma do sistema multilateral, assim como para enfrentar os desafios mundiais urgentes, tendo afirmado que os referidos documentos resgatam o multilateralismo do abismo.

Referiu que os documentos representam o primeiro acordo multilateral para o desarmamento nuclear, em mais de uma década, e trazem compromisso com medidas para evitar uma corrida armamentista no espaço sideral e para controlar o uso de armas autónomas letais.

António Guterres lembrou que o sistema de segurança colectiva está ameaçado por divisões geopolíticas, decisões nucleares e o desenvolvimento de novas armas e teatros de guerra. Lamentou o facto dos recursos que deveriam ser utilizados para proporcionar oportunidades e esperança estarem a ser investidos em “morte e destruição”. 

O secretário-geral das Nações Unidas defendeu o avanço destas reformas até ao Conselho de Segurança, para endereçar a sub-representação de África, Ásia-Pacífico e América do Sul. Ao referir-se ao pacto digital global, António Guterres adiantou que o documento baseia se no princípio de que a tecnologia deve beneficiar todos, referindo que o mesmo compromete os governos a estabelecer um painel científico internacional independente sobre inteligência artificial e a iniciar um diálogo global sobre governação no âmbito das Nações Unidas.

O primeiro dia da Cimeira do Futuro, que termina hoje, na sede das Nações Unidas, ficou marcado pelas intervenções, entre outras, dos Presidentes da Namíbia, Nangolo Mbumba, do Brasil, Lula da Silva, do Quénia, Willian Ruto, de Cabo Verde, José Maria Neves, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Angola esteve representada na sessão por uma delegação encabeçada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano. 

Angola apoia aprovação do Pacto para o Futuro

O ministro das Relações Exteriores, Téte António, disse que Angola apoiou a aprovação, por consenso, do Pacto para o Futuro. O chefe da diplomacia angolana adiantou que a decisão do país em apoiar a aprovação do documento deve-se ao facto de o mesmo buscar pelos mesmos objectivos defendidos por Angola, como a busca por um futuro melhor para a Humanidade, que consiste em não deixar ninguém para trás.

Debate de alto nível da ONU arranca amanhã

O debate de alto nível da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas arranca amanhã até ao dia 30, com as habituais intervenções iniciais do Brasil e dos Estados Unidos da América. A intervenção do Presidente João Lourenço está reservada também para o primeiro dia de debate no período da tarde. O debate de alto nível da Assembleia Geral vai contar com a presença de Chefes de Estado e de Governo dos 193 países-membros da organização. O presidente da 79ª Assembleia, o camaronês Philemon Yang, disse que a visão do seu mandato será a pedra angular construída sobre os princípios da unidade na diversidade, promovendo um ambiente onde cada voz não seja apenas ouvida, mas valorizada. Philemon Yang defendeu a busca de avanços pela paz, garantindo que os esforços internacionais para a resolução de conflitos sejam proactivos e duradouros. Para tal, apontou o desenvolvimento sustentável como foco fundamental.