Comité de Ministros assegura mais cooperação na circulação ao longo do Corredor do Lobito

O Conselho de Ministros da Agência de Facilitação do Transporte de Trânsito do Corredor do Lobito decidiu, sábado, durante a primeira reunião, testemunhada pelos titulares dos Transportes de Angola, Zâmbia e representante da RDC, assegurar o mais alto grau de cooperação na circulação ferroviária e rodoviária entre os três países.

De acordo com o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, o órgão será sediado na cidade do Lobito, palco do encontro de sábado, acrescentando que a agência vai proporcionar a rota mais eficiente e eficaz para o transporte terrestre de mercadorias entre os três países.

Para o governante angolano, o mar vai garantir o direito ao trânsito a fim de facilitar a circulação de mercadorias, através dos territórios, e evitar atrasos desnecessários no que respeita ao movimento de carga em trânsito, por via dos três países.

O ministro considerou a agência um instrumento de extrema importância e mais relevante para que o Corredor do Lobito funcione em pleno e capaz de desbloquear e materializar, numa demonstração do empenho dos três Governos que disponibilizaram a operacionalização e a rentabilização do projecto.

Segundo Ricardo de Abreu, a sede vai funcionar na cidade do Lobito e será presidida por Angola, explicando que à Agência para a Facilitação do Transporte de Trânsito compete estabelecer e consolidar as relações de cooperação no domínio da circulação de pessoas e bens ao longo do eixo.

“Pessoalmente, acredito que assim vai ser e tudo farei, com as equipas do Ministério dos Transportes de Angola e com os meus homólogos da RDC e da Zâmbia, para que nenhum dos objectivos fique por cumprir. Porque é o presente e o futuro dos nossos países, do continente, das pessoas que por aqui passam. O que significa que a missão é não só desafiante, mas também nobre para todas as partes envolvidas”, ressaltou o ministro.

Disse que “nunca é demais fazê-lo”, pois o Corredor do Lobito, como parte integrante da infra-estrutura de transporte da África Austral, desempenha um papel crucial no desenvolvimento económico da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.

Ricardo de Abreu, ladeado pelo homólogo da Zâmbia e pelo representante da RDC durante a reunião de sábado, recordou que a Agência assume um papel central na materialização das condições necessárias para uma maior integração das três economias e da região, promovendo as trocas comerciais, as oportunidades de investimento, experiência e a alavancagem de iniciativas para o benefício das populações.

“Com ela, vamos poder criar oportunidades de desenvolvimento e de bem-estar social para uma população conjunta de 140 milhões de habitantes – mais de 40% da população de toda esta sub-região do continente, com o potencial de impulsionar um PIB global dos três países de aproximadamente USD 177 mil milhões, o que corresponde a 25% dos Estados-membros da África Austral que se reúnem na SADC”, destacou.

O impacto da iniciativa terá maior incidência junto das populações que o Corredor atravessa, além de toda a SADC, prosseguiu o ministro Ricardo de Abreu, sublinhando no território nacional o caso das províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, enquanto nos Estados vizinhos ganharão as regiões de Kolwezi, Likasi ou Lubumbashi, na República Democrática do Congo, e em Solwezi, Kitwe ou Ndola (Zâmbia).

“O sector privado está completamente empenhado na reabilitação, operacionalização e rentabilização, facto que nos apraz registar e do qual muito nos orgulhamos, porque, sem esta adesão, a criação de empregos e a geração de riqueza para todos seria mais difícil”, apontou o governante.

 
Orgulho para os países

Para o ministro, a iniciativa tornou claro para todos que unidos reforça a existência e o funcionamento efectivo de um órgão partilhado, por ser “um instrumento poderoso” para encontrar as melhores soluções e satisfazer as necessidades económicas de cada um dos três países.

“E agora que já existe e funciona, desejámos todos que cumpra o papel e atinja os objectivos. Para isso, aqui nos reunimos. Aqui estiveram a trabalhar, desde o dia 14 até este sábado, equipas técnicas altamente conceituadas e competentes dos três países”, esclareceu Ricardo de Abreu.

De acordo com o governante, neste momento, esta é uma assumpção global, sustentada por Angola, República Democrática do Congo e Zâmbia, em primeiro lugar, mas, também e com veemência, pelos Estados Unidos e União Europeia, que apostam na “peça crucial” para ligar continentes e fortalecerem as economias da SADC.

 
Vantagens

Apontou as vantagens do comércio regional, por via do Corredor do Lobito, ao conectar zonas do interior ao Porto do Lobito, facilita o transporte de mercadorias para a exportação e importação, acrescentando que isso vai reduzir custos logísticos e tempo de transporte no escoamento de produtos de vária natureza.

Ricardo de Abreu entende que reforça, igualmente, a integração regional, por ser uma infra-estrutura de transporte eficiente, promove a integração económica e a cooperação entre os países da SADC, fortalece os laços comerciais, aumenta a conectividade e facilita o acesso a recursos e mercados.

O governante acredita que, também, o Corredor impulsionará o desenvolvimento dos sectores da Mineração, Agricultura e a Indústria, permitindo o transporte eficiente de matérias-primas e produtos acabados para os mercados regionais e internacionais.

Um corredor de transporte eficiente atrai, regra geral, investimentos estrangeiros e domésticos, promovendo o crescimento económico ao oferecer uma infra-estrutura sólida para o transporte de bens e serviços, destacou o ministro, indicando que o desenvolvimento não se limita apenas à ferrovia, pois estimula outros equipamentos adjacentes, como estradas, instalações logísticas e de armazenamento, proporcionando o crescimento das áreas geográficas mais próximas e das comunidades.

Ricardo de Abreu considera que se aguarda pela “rápida execução” do Memorando de Entendimento, assinado pela União Europeia, Estados Unidos da América, RDC, Zâmbia,  Angola, Banco Africano de Desenvolvimento e Africa Finance Corporation, em Bruxelas, em Outubro último, que prevê a realização de investimentos nas infra-estruturas de transporte, a definição de medidas para facilitar o comércio, o desenvolvimento económico e o trânsito na região, o apoio aos sectores relacionados com o crescimento económico inclusivo e sustentável, bem como o investimento de capital a longo prazo nos três países africanos ligados entre pelo Corredor do Lobito.

 
Aeroporto da Catumbela é certificado em 2024

O ministro dos Transportes adiantou que em 2024 o Aeroporto da Catumbela será certificado: “Precisamos ter todos os serviços e infra-estruturas à disposição da economia”. Na última semana, foi lançada a primeira pedra da plataforma logística da Caála, cujo topo essencial é o agronegócio e os produtos que podem sair, via carga aérea.

Para o vice-governador de Benguela, Adilson Gonçalves, o acordo da agência configura-se uma aposta no desenvolvimento. “Este acto, aqui na cidade do Lobito, aumenta as responsabilidades como um dos principais beneficiários das vantagens do Corredor para a província, porque o futuro de Angola está aqui e dos vossos países, também”.

Já o coordenador da Unidade de Apoio e Monitorização dos Programas Regionais, Roger Te-Biasu, lembrou que o Corredor do Lobito foi, nos anos 60, a via principal do escoamento dos minerais da RDC, por ser “muito curto, mas competitivo em custos de transporte e representa 1775 km de Mongala até Lobito”.  

“Este acontecimento é motivo de satisfação da população da província de Lualaba e do Alto Katanga e congoleses em geral”, frisou Te-Biasu, enquanto o ministro dos Transportes da Zâmbia, Frank Museba Tayali, informou que, a 14 deste mês, o Parlamento local ratificou o documento relacionado ao Corredor do Lobito.

“Este é um marco importante da integração e envolvimento da Zâmbia para todo o processo do Corredor. O meu país está empenhado e está comprometido com os desafios”, disse, reforçando já haver “grandes avanços no Noroeste, região onde se registam minerais essenciais que poderão ser transportados ao longo deste eixo”.