O Chefe de Estado, João Lourenço, abordou, sábado, em Antananarivo, com o Presidente do Madagáscar, Andry Rajoelina, a necessidade do incremento das relações de cooperação entre os dois países.
O encontro privado aconteceu à margem da cerimónia de investidura do Chefe de Estado malgaxe, reeleito para um terceiro mandato.
A conversa entre João Lourenço e Andry Rajoelina teve lugar no Palácio Presidencial, em Antananarivo, momentos depois do almoço oferecido pelo anfitrião aos convidados para a tomada de posse.
O estadista angolano pode ser o primeiro a efectuar uma visita de Estado ao Madagáscar, na sequência do início do novo mandato do homólogo.
“Estamos muito honrados por receber o presidente da SADC e de Angola, aqui presente”, disse o líder malgaxe, dirigindo-se a João Lourenço, durante o discurso proferido no Estádio Barea Mahamasina.
Acto de investidura
Durante a cerimónia de investidura, mais de 50 mil malgaxes lotaram o Estádio Barea Mahamasina, para assistirem, de perto e ao vivo, ao acto de juramento do Presidente.
Tal como exige a Constituição da República do Madagáscar, Andry Rajoelina submeteu-se à chamada “audiência solene do Alto Tribunal Constitucional” e jurou fidelidade e respeito ao país e às Leis, perante a nação, Assembleia Nacional e o Supremo Tribunal.
Pronunciado em malgaxe, o juramento consistiu em assumir um compromisso irredutível com a pátria e a população, prometendo desempenhar correcta e dignamente as funções de Presidente da República.
Andry Rajoelina jurou, ainda, usar com sabedoria os poderes que lhe foram confiados, dedicar-se à preservação e ao fortalecimento da unidade nacional e dos Direitos Humanos, bem como garantir o respeito da Constituição e das leis.
A cerimónia foi abrilhantada com momentos de desfile dos vários órgãos que compõem as Forças Armadas do Madagáscar.
Bem-estar do povo
O Presidente do Madagáscar afirmou, durante o discurso de tomada de posse, trabalhar em prol do bem-estar de todos os malgaxes. Andry Rajoelina prometeu dar continuidade ao trabalho iniciado e que visa atingir o desenvolvimento.
“Entramos, hoje, para os próximos cinco anos, para fazer o máximo e desenvolver o país, mas também o respeito pela Constituição que estipula que o povo é o titular de toda a autoridade”, frisou.
Continuar a escrever a história do Madagáscar, prosseguiu o estadista, representa o maior desiderato à frente dos destinos do país, tendo garantido que a esperança por um futuro brilhante é que encoraja a lutar pelo desenvolvimento.
“Vou buscar o bem-estar de cada um de vocês. Tenho uma grande responsabilidade a carregar, mas isto não me vai impedir de buscar o bem. Vou proteger o bem-comum, durante o meu mandato”, acrescentou.
O Chefe de Estado malgaxe expressou, igualmente, a gratidão e alegria pela presença na cerimónia dos Presidentes de Moçambique, Ilhas Maurícias, Zimbabwe, Guiné-Bissau e Angola.
“Agradeço ao presidente da União Africana e estamos muito honrados por acolher o presidente da SADC e, também, de Angola, aqui presente”, enfatizou.
Andry Rajoelina prometeu, ainda, desencadear uma luta contra a corrupção, sublinhando que não vai tolerar “o mau uso do dinheiro público”, exortando os gestores a usarem convenientemente as verbas do Estado.
“Vamos continuar a construir infra-estruturas e terminar todas aquelas que estão em curso, para melhorar a imagem do país. Quando falamos da região Sul do Madagascar, pensamos na escassez, fome e nas dificuldades. Vamos fazer uma grande adição de água, para melhorar a produção e eliminar a fome”, prometeu.
O foco do trabalho, acrescentou Andry Rajoelina, será no bem-estar do povo e no desenvolvimento social, que se espera manifestar sobre a formação profissional, Educação, Saúde e, também, Electricidade e Água pura.
“Vou olhar, particularmente, para os idosos, crianças e mulheres. Todos devem contribuir e participar no desenvolvimento da comunidade. Por isso, vamos nos concentrar no Programa de Desenvolvimento Nacional”, apelou o Presidente malgaxe.
Diplomacia dos países orientada a descobrir áreas de cooperação
Os Chefes de Estado de Angola e do Madagáscar orientaram os ministros das Relações Exteriores a trabalharem na identificação de novas áreas de cooperação entre os dois países. A informação foi avançada, ontem, em Antananarivo, pelo ministro Téte António, no final do encontro privado entre os Presidentes João Lourenço e Andry Rajoelina.
O chefe da diplomacia angolana revelou que os dois estadistas esperam que os sectores Público e Privado sejam chamados a desempenhar este papel.
“A orientação que recebemos dos dois Presidentes é que os sectores Diplomáticos devem trabalhar no sentido de termos mais delegações não só do sector Público, mas também do Privado”, disse.
Téte António esclareceu, ainda, que o Presidente João Lourenço respondeu ao convite do homólogo para estar presente na cerimónia de investidura, em virtude de, além das boas relações entre os dois países, assumir responsabilidades na qualidade de líder da SADC.
“É uma prática, quando há eleições e tomada de posse, o Presidente da nossa organização também participa destas cerimónias. Mas, estas oportunidades são também importantes para avaliarmos ou fazermos um balanço das relações bilaterais. É com este objectivo que o Presidente da República teve uma reunião bilateral com o homólogo Andry Rajoelina”, explicou.
Durante a reunião, acrescentou Téte António, João Lourenço e Andry Rajoelina passaram em revista as relações entre a Angola e o Madagáscar, frisando que “são excelentes do ponto de vista político”, embora, admitiu, os dois Chefes de Estado considerem necessário “imprimir um pouco mais de substância entre ambos países”.
