Complexo no Soyo tem capacidade para processar 10 mil toneladas de pescado todos os meses

Um complexo pesqueiro, com capacidade para processar 10 mil toneladas de pescado todos os meses, entrou em funcionamento, sexta-feira, no município do Soyo, província do Zaire.

A inauguração coube à ministra das Pescas e dos Recursos Marinhos, Carmen Neto, e ao governador provincial, Adriano Mendes de Carvalho.

A unidade pesqueira resultou de um investimento global de mais de 80 milhões de dólares americanos e foi construída numa área de oito hectares, na zona do Cadal, arredores da cidade petrolífera, pela empresa sino-angolana Seatag-Pescas.

A ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen do Sacramento Neto, referiu, na ocasião, que a inauguração da unidade pesqueira, que se juntou a tantas outras existentes no país, ilustra bem o “caminho” que está a ser percorrido para garantir que a auto-suficiência, em termos de pescado, possa ser uma realidade no país.

“Na realidade, apesar das várias pescarias que temos pelo país, debatemo-nos com um problema que tem a ver com as alterações climáticas e que está a diminuir, quer a quantidade de pescado a que estávamos habituados, como também algumas espécies que estão a desaparecer. Por isso, a auto-suficiência está a ser construída com base nesta nova realidade”, disse.

A governante lembrou, por outro lado, que o sector que dirige tem uma estratégia para garantir, não apenas a auto-suficiência alimentar, mas, sobretudo, a segurança alimentar no país. “O sector das Pescas faz parte do sistema alimentar do país, quer dizer que, a par da agricultura, a pesca é o elemento que fornece esta proteína animal, que vai completar a proteína vegetal e os hidratos de carbono que a agricultura fornece”, referiu.

Carmen Neto avançou que o pelouro tem elaborado uma “espécie” de caderno, contendo políticas mais assertivas para que se possa resolver alguns problemas que estão a impedir que haja uma maior produção pesqueira no país.

“Também devo vos dizer que, para além da pesca propriamente dita, a auto-suficiência alimentar passa por outros aspectos que não apenas pela pesca extractiva. Passa, por exemplo, pela aquicultura, que é fornecer a produção de peixe e sal, que é um complemento mineral de que necessitamos”, esclareceu.

Neste âmbito, prosseguiu a ministra, esforços estão em curso para garantir que haja um ambiente de negócios que permita que os vários empresários possam contribuir e trabalhar para o mesmo objectivo, que é o desenvolvimento sustentável do país.

 
Mais-valia para a região

Por seu turno, o governador provincial do Zaire Adriano Mendes de Carvalho manifestou a sua satisfação pela entrada em funcionamento do complexo pesqueiro, que, como frisou, constitui uma mais-valia para a região, do ponto de vista económico e social.

“Estamos felizes com a inauguração deste projecto, pois os nossos jovens ganham uma grande oportunidade de emprego para o sustento das suas famílias, que é base da sociedade”, referiu Adriano Mendes de Carvalho, augurando que o complexo pesqueiro possa crescer satisfatoriamente, de modo a atingir os objectivos preconizados e contribuir para a diversificação da economia da região e do país, em geral.  

O Governo Provincial do Zaire, avançou, continua a defender a necessidade de atracção do investimento nacional e estrangeiro para a região, no sentido de explorar as áreas de agricultura, agro-indústria e outros sectores, capazes de garantir mais postos de trabalho para os jovens locais e não só.

“O desenvolvimento da província não depende apenas do Estado, mas, também, do sector privado e é por esta razão que a província tem as portas abertas para receber os investidores nacionais e estrangeiros interessados em explorar o nosso mercado, aproveitando as oportunidades e potencialidades que oferece”, aclarou o governante.


Criados 800 empregos directos na primeira fase

O administrador Executivo da empresa, Alcatir Costa, esclareceu que, numa primeira fase, foram garantidos 800 empregos directos a cidadãos nacionais, dos 1500 previstos até ao pico da sua actividade.

“Iniciámos com 800 trabalhadores. Em relação aos postos indirectos de trabalho, pensamos atingir um número superior a cinco mil”, disse Alcatir Costa, acrescentando que a unidade pesqueira possui uma ponte cais com 115 metros de comprimento e 10 de largura, que permite a atracagem, em simultâneo, de quatro embarcações de grande e médio porte. O Jornal de Angola apurou que para garantir o abastecimento dos navios foram construídos, no local, quatro reservatórios, com capacidade para 300 mil litros, cada.

A infra-estrutura tem, ainda, áreas de tratamento, secagem, embalagem e facturação. Conta, também, com 24 túneis de congelação, abaixo dos 30 graus célsius, que permitem congelar 15 toneladas do pescado em 12 horas. O empreendimento possui, igualmente, duas câmaras de conservação para cinco mil toneladas, cada.

O complexo pesqueiro está interligado à rede eléctrica pública, mas para acautelar possíveis falhas, conta com uma fonte alternativa constituída por oito grupos geradores de 800 kva, cada. Entre as diversas áreas existentes, estão, também, um refeitório para mais de 300 pessoas e um Posto de Saúde, este último criado com o propósito de assegurar os primeiros socorros aos funcionários.

À imprensa, Alcatir Costa realçou que o objectivo primordial do projecto é abastecer o mercado nacional, para ajudar o governo a combater a fome no seio das populações, mas não descartou a possibilidade de, no futuro, vir a ser exportada dez por cento da produção.     

“Por razões objectivas, pensamos também reservar cerca de dez por cento da nossa produção para a exportação”, disse o empresário que fez saber que 16 embarcações de médio e grande porte vão dar suporte à actividade pesqueira da indústria, que preconiza, também, produzir farinha e óleo de peixe. Revelou que das 16 embarcações adquiridas pela empresa, apenas seis estão já licenciadas.