“Se a Opep+ mantiver os cortes de oferta [da commodity] até ao final do ano, frente ao cenário positivo da procura na Ásia, acreditamos agora que os preços do Brent poderão ultrapassar os 100 dólares por barril antes de 2024”, disseram os analistas, em relatório semanal.
O banco norte-americano detalha que o petróleo deve ser negociado entre 80 e 100 dólares no curto prazo. Já para o longo prazo, a projecção de Christyan Malek, chefe de research de acções de petróleo e gás no JP Morgan, é um pouco mais conservadora: em torno de 80 dólares.
“À medida que avançamos para o próximo ano, dependerá muito de como vemos a China evoluir”, destaca o analista.
De realçar que o petróleo do tipo Brent — considerado referência no mercado internacional — para Novembro operava em queda de 0,27% na sexta-feira, cotado a 93,45 dólares o barril.
Já os contratos futuros do WTI para Outubro tinham leve recuo de 0,04% no mesmo dia, negociados a 90,12 dólares o barril.
Recorde-se que a commodity estendeu os ganhos na semana passada, após a divulgação de indicadores económicos dos EUA, que reforçaram as expectativas do mercado de uma manutenção dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano.
O que pode fazer o petróleo disparar
Para os analistas do Bank of America, o aumento das taxas de juro em todo o mundo diminuiu a procura agregada global, o que limitou o crescimento do consumo de petróleo e os preços da commodity.
Segundo o Bank of America, existem três questões que podem destravar os preços do petróleo: a actuação da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados), os juros nos Estados Unidos e a recuperação da procura de energia na Ásia.
No caso da Opep, a estratégia da organização de reduzir a oferta antes de um potencial colapso nos preços do petróleo deve ajudar a commodity nos próximos meses.
Isso porque a recuperação recente dos preços da commodity acontece em meio a expectativas crescentes de oferta mais restrita pela Opep, depois que a Arábia Saudita e a Rússia anunciaram que pretendem reduzir as reservas globais e estender os cortes na produção de petróleo até o final do ano.
Além da oferta de petróleo, os analistas projectam que as taxas de juros na Estados Unidos devem atingir o pico neste trimestre, o que daria fôlego para o petróleo recuperar os preços.
Entretanto, os analistas do banco americano destacam um ponto de atenção para os preços da commodity: uma força renovada para a escalada da inflação. “Um aumento nos preços das matérias-primas poderá reacender uma subida das taxas de juro pelos bancos centrais e reiniciar a batalha entre o petróleo e o dinheiro.”
Enquanto isso, a melhora da procura por energia asiática após o fraco crescimento na China no pós-pandemia também ajuda os preços do petróleo actualmente.
“Depois de uma crise que abalou o mercado de energia no ano passado, a Ásia lidera mais uma vez o crescimento da procura global de energia, apesar das preocupações quanto às perspectivas económicas da China”, ressalta o banco americano.