Dom Germano vai saber testemunhar as solicitudes do Papa e da Santa Sé

O ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, disse, sábado, em Ondjiva, que a ordenação de Dom Germano Penemote como primeiro núncio apostólico angolano à frente da Igreja Católica no Paquistão representa muito para Angola.

Filipe Zau, que prestigiou a cerimónia de ordenação do sacerdote nomeado pelo Papa Francisco, a 16 de Junho, na capital do Cunene, em representação do Chefe do Estado, João Lourenço, disse que a decisão tem um significado muito grande; primeiro pelo reconhecimento do Santo Padre pelos religiosos angolanos e o papel que a Igreja Católica tem representado no mundo, na transmissão de valores a todos oscidadãos.

A presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, que também presenciou a cerimónia, considerou ser um momento histórico para a Igreja Católica e que os angolanos se congratulam com esta nomeação e com a elevação de Dom Penemote a arcebispo titular de Treia e núncio apostólico no Paquistão.

Carolina Cerqueira disse esperar que D. Germano Penemote leve paras as terras do Paquistão a mensagem de paz, perdão, resiliência e reconciliação, para todos os cidadãos, em particular aos fiéis católicos.

“Pessoalmente estou muito satisfeita e orgulhosa por ter partilhado este momento de fé e de confissão e todos nós devemos orgulhar-nos, porque Angola está representada tão longe por um filho do Cunene, o que monstra efectivamente que a Santa Sé deposita confiança num angolano, para transmitir a mensagem de paz e da resignação, para que o mundo seja melhor.

Para o ministro da Relações Exteriores, Teté António, a nomeação de D. Germano Penemote, como arcebispo e núncio apostólico da Igreja Católica no Paquistão, é um reconhecimento do próprio quadro, “porque quem faz diplomacia consegue perceber o quão rica é a carreira de quem passou pela formação da academia eclesiástica, cumpriu varias missões em vários pontos do mundo e chegou, agora, no topo da carreira, sendo um orgulho para Angola”.

Teté António disse que o Estado angolano tem uma boa relação com o Vaticano e a vinda do Cardeal Pietro Parolin a Angola representa o nível de relação que os dois Estados desenvolvem.

O ministro lembrou que Dom Germano Penemote já trabalhou longos anos na diplomacia do Vaticano e o Santo Padre o quer sempre como colaborador, agora com responsabilidades mais acrescidas no Paquistão.

Orgulho do Cunene

A ordenação episcopal de D. Germano Penemote, nomeado pelo Papa Francisco, a 16 de Junho deste ano, como núncio apostólico no Paquistão, constitui um momento histórico do percurso da Igreja Católica e valorização dos servos de Deus no Cunene, afirmou a governadora da província, Gerdina Didalelwa.

A governante disse que se tratando do primeiro angolano a atingir o cargo na diplomacia da Santa Sé, o acto vai ficar gravado na memória colectiva da população da província. “É mais um filho do Cunene que tem a missão de dirigir os destinos da Igreja. Não é apenas um orgulho para família católica na província, mas de toda a comunidade cristã, por se tratar de mais um servo que se vai dedicar de forma integral ao Evangelho, contribuindo, assim, para a expansão da Boa Nova do Reino de Deus”, sublinhou.

Gerdina Didalelwa acrescentou que a ordenação do novo arcebispo representa o crescimento e a maturidade na fé. “É o primeiro angolano a exercer as funções de núncio apostólico, numa terra não católica. Com certeza ele terá bastantes desafios e vai precisar das orações de todos”, salientou.

A governadora realçou que D. Germano Penemote é um fruto precioso da província do Cunene e que enche de orgulho os fiéis da região.

Gerdina Didalelwa disse que a nomeação é, sem sombra de dúvidas, um sinal de maturidade e competência dos quadros do país, e da província, em particular, e projecta o nome de Angola além-fronteiras.

“Espero que os jovens olhem para D. Germano Penemote como um estímulo, para abraçar um projecto de vida útil para o bem de todos”, referiu.

Primeiro angolano a chegar ao lugar de núncio

O novo núncio apostólico da Igreja Católica no Paquistão, D. Germano Penemote, foi ordenado com o título de arcebispo, numa cerimónia episcopal dirigida pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, em representação do Papa Francisco.

A missa de ordenação episcopal, realizada na esplanada Nossa Senhora das Graças do Bispado de Ondjiva, contou com a presença de mais de 40 mil fiéis de todas as províncias e da vizinha República da Namíbia, arcebispos e bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), da presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, dos ministros das Relações Exteriores e da Cultura e Turismo, Teté António e Filipe Zau, respectivamente, deputados, da governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, e representes de partidos políticos.

D. Germano Penemote foi nomeado em Junho último pelo Papa Francisco. Diante da multidão de fiéis disse ter aceite a nomeação em obediência à religião, porque não pretendia estar em contradição com a sua consciência. “Agradeço ao chefe máximo da Igreja Católica pela confiança depositada”, sublinhou.

Trata-se do primeiro angolano a atingir este cargo na diplomacia da Santa Sé. O programa de ordenação de D. Germano Penemote começou com a leitura pública do mandato apostólico, perante os bispos ordenantes, seguindo-se os restantes passos do ritual, com destaque para a entrega das insígnias: anel, mitra, cruz peitoral e báculo.

Vaticano acredita no sucesso de Dom Germano

Na homília de circunstância, o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, enalteceu a função de núncio apostólico, que consiste em propiciar o crescimento da Igreja, acrescentando que o mais importante é trabalhar com respeito e responsabilidade, para unificar a Igreja Católica e fazer chegar a palavra de Deus a todas as famílias.

D. Pietro Parolin recomendou a D.  Penemote maior humildade e dedicação, de modo a “servir melhor a Casa de Deus”.

“É uma nova missão de núncio apostólico no Paquistão, um país com notáveis potencialidades, mas que enfrenta desafios muito difíceis, um país de maioria muçulmana, onde para além das disposições normativas em vigor, nem sempre é fácil assegurar o pleno respeito aos direitos das minorias religiosas”, disse.

O enviado do Santo Padre afirmou que no Paquistão D. Penemote vai encontrar cerca de um milhão e meio de fieis católicos e que vai saber testemunhar as solicitudes do Papa e da Santa Sé por aquela comunidade, para que se fortaleça o vínculo com a Igreja Universal e procurar caminhos de diálogo com os fieis do Islão e de outra religiões.

O Cardeal Pietro Parolin disse tratar-se de um diálogo muito necessário para reconhecer, como irmãos, independentemente das diferenças, e afastar todo o risco de manipulação da religião e qualquer inaceitável legitimação da violência.

Nomeado pelo Papa Francisco a 16 de Junho, D. Germano Penemote nasceu em Ondobe, comuna da Môngua, município do Cuanhama, no Cunene, a 24 de Outubro de 1969. Foi ordenado sacerdote a 6 de Dezembro de 1998, na Diocese de Ondjiva.

Até à nomeação, o novo núncio apostólico no Paquistão exerceu serviços diplomáticos na Santa Sé em Julho de 2003 e trabalhou nas nunciaturas apostólicas do Benin, Uruguai, Eslováquia, Tailândia, Hungria, Peru e Roménia. Graduado pela Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, em Utroque Iure (Direito Canónico e Civil), é fluente em francês, inglês, italiano, português e espanhol.