Economista estima impacto do Corredor do Lobito no aumento da produção interna

Catumbela – O economista Osvaldo Cruz defende que a exploração do Corredor do Lobito é fundamental para dinamizar a produção agro-industrial nas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, visando a sua exportação para os países vizinhos.

O Corredor do Lobito, que inclui a linha férrea de 1.344 quilómetros do Caminho de Ferro de Benguela até ao Luau, na fronteira leste de Angola com a República Democrática do Congo, e o porto mineraleiro, está sob gestão, por 30 anos, do Consórcio Lobito Atlantic Railway, constituído pelas empresas Vecturis, Trafigura e Mota Engil.

Apesar de o contrato de concessão com o Estado angolano, assinado em Novembro de 2022, e que permite ao concessionário fazer o trânsito de mercadorias estar ainda em fase inicial, Osvaldo Cruz perspectiva o aumento da capacidade de produção das empresas ao longo deste corredor.

Segundo ele, as empresas nacionais poderão utilizar o Corredor do Lobito em busca de insumos para aumentar a sua capacidade produtiva e atender a forte demanda dos produtos consumidos no país.

Daí estimar que, quando a exploração do Corredor do Lobito atingir a fase de pico em que se prevê transportar cinco milhões de toneladas de produtos contra as actuais 300 mil, o escoamento da produção nas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico deixe de ser um “handicap”.

Em entrevista à ANGOP, o também académico considera importante que os empresários locais estejam à altura de virem a utilizar o Corredor do Lobito, para poderem fazer chegar os seus produtos para os países encravados, nomeadamente a Zâmbia e a República Democrática do Congo (RDC).

Diz que a expectativa é de que produtos como peixe e sal, e outros do sector agroindustrial que a província de Benguela já produz de forma significativa, cheguem a outros cantos do país através do Corredor do Lobito.

Dinamizar parcerias de negócios

Osvaldo Cruz olha para o Corredor do Lobito como uma alavanca da economia, por ser das principais plataformas logísticas do país.

Aliás, salienta que o seu pleno funcionamento irá facilitar e dinamizar parceiras de negócios entre os empresários angolanos, zambianos e congoleses, resultando no aumento da geração de postos de trabalho.

“É um caminho que serve essencialmente para fomentar quer as importações, quer as exportações de produtos e assim dinamizar a actividade das empresas ”, sublinhou o entrevistado.

Em sua análise, em breve, poderá assistir-se à intensificação de trocas comerciais, razão por que os empresários nacionais devem aproveitar da melhor maneira o potencial existente.

“Estamos a falar de um potencial que ainda não está em efectivo aproveitamento”, comentou, para adiante falar em uma mais-valia para as empresas, pois, aproveitando a capacidade deste corredor, serão mais competitivas.

O académico vê no Corredor do Lobito uma oportunidade de novos negócios, visto que a movimentação de produtos a custo relativamente mais baixo do que o transporte rodoviário poderá atrair as empresas, influenciando na baixa de preços.

Porque os empresários dos países vizinhos, incluindo a Namíbia, têm uma vasta experiência, Osvaldo Cruz assevera quão importante é que os seus homólogos angolanos estejam melhor preparados em termos de produção, sob pena de virem a ser ultrapassados.

Além das grandes empresas, ainda de acordo com o economista, os médios e pequenos produtores também poderão utilizar o Corredor do Lobito, isto porque está desenhado para atender às necessidades dos agentes económicos do país. JH/CRB