A África comemora hoje, quinta-feira, 25 de Maio, o seu dia, instituído com a criação da Organização de Unidade Africana (OUA) em 1963, através da acção visionária de cerca de duas dezenas de líderes africanos movidos por ideais de liberdade, unidade, desenvolvimento e um inquestionável sentimento pan-africanista.
Sessenta anos depois, inúmeros desafios colocam-se ainda para o alcance pleno dos objectivos propostos pelos pais fundadores da OUA.
O Continente africano prossegue a sua luta pela erradicação da pobreza, do analfabetismo, de várias endemias e da fome provocada por crises alimentares cíclicas.
Enfrenta as consequências nefastas das alterações climáticas, é palco de conflitos armados, acções terroristas, mudanças inconstitucionais de governo e, procura agora recuperar-se dos efeitos arrasadores da pandemia da Covid-19.
Todos esses factores fragilizam os esforços colectivos para a melhoria do bem-estar e da qualidade de vida dos africanos, da imagem do continente e das suas instituições, bem como a capacidade de influência na arena internacional.
De igual modo, o preocupante êxodo de jovens africanos para a Europa constitui um desafio adicional, na medida em que priva o continente de valiosa mão de obra e, sobretudo, da capacidade criativa da juventude para o tão necessário desenvolvimento multidimensional, nomeadamente, nos domínios social, económico, cultural e tecnológico.
A acção governativa e as políticas dos Estados-membros devem continuar a estar, inequivocamente voltadas para os legítimos anseios dos jovens e o reforço do empoderamento da mulher africana como ferramenta indispensável no combate ao desemprego, à fome e à pobreza.
Na busca de soluções para os seus problemas, África deverá apostar cada vez mais na promoção das boas práticas de governação, democracia participativa, maior inclusão social e garantir as condições necessárias para o alcance e a manutenção da paz.
Ao comemorarmos os 60 anos de África, não podemos deixar de ressaltar também a ousadia dos líderes africanos que, determinados em retirar o continente do subdesenvolvimento, decidiram lançar iniciativas visionárias, como a Agenda 2063, que define os pilares e as etapas cruciais para que África ultrapasse o momento menos bom em que se encontra.
Saudemos o tema escolhido pela União Africana (UA) para este ano, “Acelaração da Implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana”, um mercado comum de cerca de 1.3 mil milhões de pessoas.
Por último, no actual processo de integração africano, os Estados-Membros deverão consolidar os valores e os princípios da solidariedade, do respeito pela herança cultural, assim como reforçar a busca incessante de soluções para o silenciar das armas e a edificação da “África que Queremos”, permitindo que o continente ocupe definitivamente o seu legítimo espaço no sistema global.
Viva África.
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES em Luanda, aos 25 de Maio de 2023.-



