O músico Zeca Moreno tem estreia marcada no mercado literário com o lançamento, sexta-feira, do livro “Sa- kwenda, percursos e vivências” e, em simultâneo, Carlos Lamartine apresenta o livro “Ser Poeta em Harmonia e Silêncios”, a partir das 16h00, no Restaurante Escondidinho, na cidade de Benguela.
Os livros têm a chancela da Mayamba Editora, que realiza a actividade na terra natal dos dois autores, referências na música e que agora dão o contributo com obras literárias.
A obra “Ser Poeta em Harmonia e Silêncios” foi lançada em Luanda, na Liga Africana, no dia 29 de Março, por ocasião do 80º aniversário de Carlos Lamartine.
Zeca Moreno optou por lançar na terra onde deixou o cordão umbilical, por questões afectivas e porque grande parte das narrativas ocorreram na província de Benguela.
De forma resumida, antes de sair da capital do país, em exclusivo ao Jornal de Angola, Zeca Moreno disse que a obra retrata a sua vivência, desde a infância à idade adulta. Também faz uma incursão à sua vida artística e política. “Falo das minhas, de pessoas que desde 1974 deram as suas vidas por Angola”, explica o autor.
Maria da Conceição Barbosa Mendes escreve no prefácio que “a obra constitui, em nossa opinião, uma referência inspiradora para todos nós, dada a sua dimensão e riqueza”.
O prefácio refere ainda que “dada à imensidão, profundeza e riqueza do conteúdo da obra, somos tentados a traçar algumas linhas, a partir das quais o leitor pode decidir seguir uma viagem original ao intenso mundo de Zeca Moreno. Um mundo descrito na primeira pessoa, fazendo-nos recordar entre os elementos históricos alguns momentos de meninice que o tempo levou”.
Em “Sakwenda, percursos e vivências”, o leitor encontra lembranças alegres, retratadoras de ambientes familiares imbuídos de expressiva interacção com a geração ascendente e descendente. O autor proporciona cenários de interiorização de uma realidade caracteristicamente angolana. São retomadas e captadas particularidades dos ambientes da família alargada, descritas como riqueza de aprendizagem, de conforto e de reafirmação sociocultural.
José Manuel Moreno Mendes Fernandes, conhecido por Zeca Moreno, natural de Benguela, é professor licenciado em História e é funcionário público reformado. Exerceu vários cargos políticos e na Função Pública, destacando-se os de membro de Bureau Político e do Comité Central do MPLA, comissário municipal do Lobito, administrador municipal de Viana,assessor do governador provincial de Luanda, director provincial do Comércio e Indústria de Luanda, deputado à Assembleia Popular Provincial de Benguela e de dirigente juvenil.
Cantor desde 1972 e inte em grante e fundador do elenco artístico “Os Bongos” do Lobito, vocalista do Conjunto N’gola – 74 e também fundador do conjunto musical “Os Simbas”. Como cantor tem cinco álbuns no mercado e é o actual presidente da Comissão Directiva da UNAC – S.A. – União Nacional dos Artistas e Compositores – Sociedade de Autores, é também presidente do Conselho de Administração da AUDAC – Associação Única de Direitos de Autor e Conexos.
“Ser Poeta em harmonia e silêncios”, de Carlos Lamartine, obra que só chega agora a Benguela, é uma antologia das criações musicais do artista. O autor explica que chama uma antologia de versos porque está composto por todas as suas principais obras que estão publicadas em disco, desde os LP aos CD mais recentes.
A obra também é uma homenagem às grandes personalidades da cultura angolana que o autor considera ser um modesto contributo para todos aqueles interessados em investigar aspectos da cultura nacional.
Carlos Lamartine tem preparada “O perfil histórico do Semba”, um livro especificamente pormenorizado sobre o que é o semba, a sua natureza, perfil, percurso e perspectiva.
Carlos Lamartine nasceu em Benguela, mas foi no Marçal, em Luanda, onde deu os primeiros passos musicais. Foi o regente principal do Grupo Coral Gigante do Acto da Proclamação da Independência de Angola, no dia 11 de Novembro de 1975, e do Coral no Acto da Tomada de Posse do 1º Governo da República Popular de Angola, que teve lugar na Câmara Municipal de Luanda.
Antigo adido cultural na República Federativa do Brasil, Carlos Lamartine é quadro reformado do Ministério da Cultura. Teve várias distinções, como o Prémio Nacional de Cultura e Artes na categoria de Música, em 2017, e Prémio Carreira no AMA (Angola Music Awards). Foi ainda homenageado no Festival da Canção de Luanda da LAC, em 2013, numa edição onde os concorrentes interpretaram temas de sua autoria.