ANPG e operadoras traçam estratégia para atenuar declínio

Luanda – A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e operadoras petrolíferas traçaram um plano para atenuar o declínio da produção de petróleo, com foco na redução das paragens não planificadas.

De acordo com o presidente do Conselho de Administração da ANPG, Paulino Jerónimo, a redução das paragens não programadas será feita com base na melhoria preventiva.

Outro foco, de acordo com o plano, é a produção recursos adicionais em campos maduros, segundo disse esta terça-feira, em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA), no programa Grande Entrevista.

Neste caso, acrescentou, foram assinados acordos, entre 2019 a 2020, com as petrolíferas para o desenvolvimento de campos.

Assim,foram assinados acordos com a operadora do Bloco 14, para o desenvolvimento três campos, com a perfuração de sete poços, outro com o do Bloco 15, em que serão perfurados 17 poços produtivos.

O terceiro contrato foi com o Bloco 17 que vai permitir investimento para que se possa perfurar mais poços.

” Isso vai permitir que haja estabilidade na produção”, augura o responsável, sublinhando que hoje a produção não está longe desta estabilização, comparando a produção de 2021, 2022 e com a expectativa de 2023, que leva um certo equilíbrio”, asseverou.

Durante a entrevista, Paulino Jerónimo considerou de “suave” o declínio da produção de crude, em Angola, no percurso de 2008 a até a data, que ronda os 1,1 milhões de barris/dia.

O responsável aponta como causas do declínio a não realização permanente de licitações de novos blocos.

Em 20 anos, ou seja, desde 1999 a 2019, foram realizados quatro licitações, sendo a quarta já realizada pela ANPG em 2019.

“ Quer dizer que houve um grande espassamento na realização dessas licitações”, observou.

A título de exemplo, referiu que, a ANPG existe há quatro anos e, neste momento, procede a quarta licitação, reiterando que as mesmas devem ser permanentes para permitirem que, em caso de sucesso, haja descoberta e substituição das reservas produzidas.

Outro problema que para Paulino Jerónimo deveria ser resolvido é a questão dos campos marginais que foram descobertos ao longos dos 20 a 30 anos, mas que economicamente eram inviáveis à luz dos contratos existentes.

Paulino Jerónimo levantou também a inexistência, na altura, de exploração dentro das áreas de desenvolvimento.

” A soma desses todos factores permitiram que chegássemos a onde estamos”, calculou, lembrando que a produção já chegou a atingir 1,9 milhão de barris de petróleo/dia, em 2008.

Mas, para contrapor o cenário no que concerne aos campos marginais,em 2018 foi emitido o Decreto que dá incentivos fiscais, e, segundo Paulino Jerónimo, a boa notícia é que já existem campos marginais a produzir, sendo dois em Cabinda, enquanto se constrói uma plataforma para outro campo.

“Temos campos que já foram considerados marginais que vão ser desenvolvidos nos próximos tempos, e acredito que esses campos vão contribuir para atenuar o declínio da produção”, disse.

Estratégia de concessões 

Ainda sobre o declínio, disse que “preocupados estamos todos”, mas deve-se encontrar soluções de como resolver os problemas que não foram resolvidos, tendo em conta o histórico do sector.

Lembrou que o Executivo aprovou a estratégia de concessões que define quais os blocos a serem licitados, de 2019 a 2025, num total de 55 concessões.

Nos últimos quatro anos de de existência da ANPG foram realizadas licitações em 2019 , 2020, 2021 e 2022, estando prevista a de 2023, nos próximos dias, visto que o seu pre-anúncio já foi lançado pela Concessionária Nacional.

“Quer dizer que isso vai ter que ser algo permanente para permitir que os ınvestidores invistam e descubram o petróleo e ponham em produção”, frısou.

O PCA da Concessionária Nacional também falou do novo consórcio de gás, que vai desenvolver actividades nos blocos 2,1 e 3 e 15 e 16.

A Agência, Concessionária Nacional, foi criada  com a missão de regular e fiscalizar o sector petrolífero, além de gerir os contratos com as petrolíferas na partilha e lucro da produção nacional de crude.NE/AC