ANPG abre concurso público para licitação de 12 Blocos em Setembro

A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) procedeu, segunda-feira, em Luanda, à apresentação de Licitação das Concessões Petrolíferas-2023, para a exploração e produção de petróleo, de 12 blocos, das Bacias Terrestres do Congo e Kwanza.

O anúncio do concurso público para a adjudicação dos 12 blocos petrolíferos, está previsto para 30 Setembro deste ano, com a assinatura da consignação das Bacias, agendado para 19 de Março de 2024.

A Bacia Terrestre do Congo(Blocos CON 1, CON 3, CON 7 e CON 8), que no passado, produziu 50 mil barris de petróleo/dia, vai atingir durante a fase de produção 80 mil barris de petróleo/dia.

A Bacia Terrestre do Kwanza(Blocos CON 1, CON 3, CON 7, CON 10, CON 13, CON 14, CON 15 e CON 19), que nos anos 70, e o início dos anos 80, produziu 20 mil barris de petróleo/dia, vai atingir um volume diário de produção avaliado em mais de mil milhão de barris de crude.

Durante a sessão de apresentação de Licitação das Concessões Petrolíferas-2023, das Bacias Terrestres do Congo e Kwanza, às empresas do sector dos petróleos, foram abordados temas como                       a “avaliações técnicas dos blocos e pacotes de dados             existentes”, “Estudos de acessibilidade e legislação ambiental”, “Quadro legal, fiscal e contratual” e “Requisitos dos termos comerciais”. Foram igualmente apresentados temas como “Condições logísticas e oportunidades para o desenvolvimento regional e fomento do Conteúdo Local” e “Requisitos para a atribuição da qualidade de associada da Concessionária Nacional”.

A Licitação das Bacias Terrestres do Congo e Kwanza decorre na base do Decreto Presidencial nº 52/19, que estabelece regras que visam aumentar a produção de petróleo e gás em Angola, bem como assegurar o declínio do crude no país.

Diamantino Azevedo apela a entrada de mais investidores 

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, pediu, ontem, à entrada de mais investidores para o sector petrolífero, a fim de contribuírem para o crescimento da economia do país.

O titular da pasta dos Recursos Minerais e Petróleo que discursou na abertura da cerimónia de apresentação da Licitação das Concessões Petrolíferas-2023, para as Bacias do Congo e Kwanzas, pediu igualmente o engajamento de todos os intervenientes do sector petrolífero para aplicaremos seus  conhecimentos e experiências que contribuam para a elevação dos níveis de produção. 

“Queremos contribuir para o crescimento do sector petrolífero e ajudar a trazer investidores para o ramo,   porque os recursos minerais, petróleo e gás ainda têm muito a dar para o crescimento da economia”, disse. O acto de apresentação de Licitação das Concessões Petrolíferas-2023, enquadra-se na estratégia geral do Executivo de atribuir às concessões petrolíferas, no período 2019/2025, a luz do Decreto Presidencial nº 52/19, que prevê a licitação de mais de 50 concessões. O objectivo desta acção é atenuar o declínio da produção de petróleo no país.

O presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), Paulino Jerónimo, disse que as Bacias do Congo e Kwanzas possuem um grande potencial para a pesquisa e produção de petróleo.

“As duas bacias possuem grande potencial de produção e com um histórico comprovado da actividade petrolífera. O ANPG assumiu o compromisso em manter o diálogo aberto com os seus parceiros para que juntos encontremos as melhores soluções com vista à melhoria contínua do sector e tornarmos Angola como um local privilegiado aos investidores do ramo petrolífero em África e no mundo”, notou. De lembrar que a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) já realizou três licitações, em 2019, 2020 e 2021.   

40% de investimento 

Para os proximos cinco, a ANPG prevê um incremento de cerca de 40 por cento dos investimentos no sector petrolífero, em relação aos últimos cinco anos, em função da entrada em produção dos oito blocos petrolíferos na Bacia Terrestre do Kwanza e quatro na Bacia do Baixo Congo. 

A informação foi avançada pelo director do Gabinete de Planeamento da ANPG, Alcides Andrade, quando fazia o discurso de enquadramento da cerimónia de promoção, tendo salientado que o projecto está inserido na Estratégia Geral de Atribuições de Concessões 2025, cujo objectivo final é atenuar o declínio de produção e aumentar as reservas petrolíferas do país para assegurar a sustentabilidade  do sector.

Alcides Andrade recordou que actividade petrolífera no país começou, no início dos anos de 1900, e primeiro registo de exploração, começou em 1910, seguindo-se de um percurso de descobertas comerciais que culminaram com  arranque da produção petrolífera na década de 60. Depois disso, deu lugar a um percurso consistente de produção até no início da década de 2000, marcado por um período “dourada” em virtude da exploração de blocos de águas profundas e  ultraprofundas, que permitiu atingir, em 2008,  o pico de produção na ordem dos 1.9 milhões de barris por dia.

O responsável disse que o intervalo entre 2009 e 2015 foi um período razoável ao passo que a partir de 2016, o país tem registado um declínio de produção que, no sentido de responder este exercício, o Executivo levou a cabo um conjunto de reformas no sector para criar as condições de responder ao declínio.

Alcides Andrade sublinhou, por outro lado,  que “a dinâmica do sector petrolífero mudou, fundamentalmente nas últimas décadas, sendo que vários países africanos passaram a produzir hidrocarbonetos, mas Angola continua a apresentar-se como um local muito atractivo para os investidores, estando presente entre os 20 maiores produtores de petróleo do mundo e o segundo maior da África Subsaariana, com um ambiente de negócios estável do ponto de vista legal, contratual e fiscal”.

“As bacias do Baixo Congo e do Kwanza são comprovadas e com muito potencial que permite garantir o retorno do investimento, empresas nacionais, internacionais, incluindo as médias . As próximas semanas serão reservadas para discussões adicionais com investidores até à altura do lançamento do concurso público, em Setembro do presente ano”, disse.

Base de dados consolidada

As actividades operacionais realizadas nas Bacias do Baixo Congo e  Terrestre do Kwanza deram origem a uma enorme quantidade de informação  geofísicos, geológicos, geo-espaciais  disponíveis na base de dados da ANPG em diferentes formatos usados na indústria e que podem servir de suporte à avaliação das bacias.

A revelação foi feita pela técnica do Gabinete de Arquivo da ANPG, Naire Quenge, durante a sua apresentação, ao referir que a Bacia do Kwanza possui uma área de aproximadamente 25 mil quilómetros quadrados, constituída por 23 blocos, cujo histórico de exploração compreende duas fases, sendo que a primeira data de 1910 a 1925, altura em que foram perfurados um total 26 poços.

De acordo com a especialistas em estatística, desde 1925 até à presente data, foram feitas várias campanhas sísmicas 2 D,  levantamentos  aeromagnetométricos , perfurados um total de 300 poços, entre exploração e produção que culminaram com a descoberta  de 11 campos  de óleos e dois de gases.

“Estudos de cacografia geológica e de avaliação geoquímica permitiram reconhecer na bacia do Kwanza duas mega frequências que são: a unidade pré-salífera e a pós-salífera. No pré-sal existem, estruturalmente, falhas normais erradicadas no vazamento que originaram estru-turas do tipo horsts e grabens (altos e baixos estruturais)”, avançou.

Naire Quenge  frisou mas adiante que nos baixos estruturais estão depositados material fino rico em matéria orgânica que constitui a  principal rocha da referida unidade, que é a formação cubo vermelho,  responsável por alimentar os arenitos depositados nos flancos dos horsts em forma de pinchout, também responsável por alimentar os carbonatos do tipo Coquina do topo dos horsts, equivalentes à formação Toca do Baixo Congo.

“No topo da sequência, formou-se uma bacia do tipo Sag, na qual existem a areias como reservatórios equivalente a formação Chela do baixo Congo e no topo da sequência os calcários  microbiológicos que são reservatórios e como rocha geradora, temos a formação do cubo cinzento. Esta unidade culmina com a deposição da formação do sal maciço”, concluiu.

Angola almeja produzir  1.200 mil barris /dia

Angola quer atingir, nos próximos anos, uma produção de 1.200 mil barris de petróleo/dia, contra os actuais 1.150 mil barris, revelou, segunda-feira, em Luanda, a directora de produção da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG).

Ana Miala, que avançou este dado em entrevista ao Jornal de Angola, a margem da apresentação da Licitação dos 12 Blocos das Bacias do Congo e do Kwanza, disse que apesar destes níveis de produção, o país tem a capacidade de produzir 1.180 mil barris de petróleo/dia, para a longo prazo atingir 1. 2 milhões de barris de crude por dia.

 De acordo com Ana Miala, o objectivo do Executivo é continuar a produzir acima dos 1.100 mil barris de petróleo/dia. “Não estamos preocupados com o crescimento da produção, mas com a sua estabilidade.A meta é continuarmos a produzir acima de 1.100 milhões de barris até 2035”, e os mesmos volumes de produção até 2050.

“A licitação de novos blocos vai travar o declínio “

Acha ser o momento oportuno para a realização do roadshow para adjudicação de blocos petrolíferos?

A  ANPG está a trabalhar para cumprir a meta projectada em 2019 de licitar cerca de 55 blocos até 2025 e essa licitação representa um segmento deste objectivo. Tem razão de ser porque sem licitação de blocos petrolíferos, não conseguiremos travar o declínio da produção e agregar valor à indústria de Petróleo e Gás que nesta fase precisa de mais exploração para poder garantir a continuidade da mesma.

A localização dos blocos os torna apetecíveis?

Certamente que sim, uma vez que são áreas ou zonas que têm algum contacto com a exploração do petróleo no passado  e vale aqui referir que a produção de petróleo em Angola, ou seja, as primeiras descobertas foram feitas na Bacia do Kwanza. . É uma boa oportunidade para a entrada de empresas angolanas e também internacionais de pequena e média dimensões sobretudo as especializadas na exploração “onshore”.

O facto de o país estar mais familiarizado com a exploração “offshores” terá alguma influência nos resultados?

Apesar da produção ter começado “onshore”, há aqui uma oportunidade para a entrada de empresas estrangeiras com já alguma experiência e provas dadas nesta matéria e que vão ajudar as empresas nacionais no sentido de  representar a maior taxa de sucesso, que é aquilo que se  procura em termos de experiência e capacidade de produzir.

O que as licitações marcadas para Setembro podem representar para os cofres do Estado?

A curto prazo, apenas vão representar pagamentos simbólicos de bónus de assinatura, mas, em contrapartida, na fase de exploração,  cada empresa deverá investir cerca de  30 ou 40 milhões de dólares em serviços que poderão ser prestados  por empresas angolanas.

Estarão as empresas nacionais  preparadas para este desafio?

Há necessidade de reforçar a  Lei do Conteúdo Local garantir que o  investimento nas exploração seja feito no território nacional e por empresas angolanas.

baixo congo

BLOCO CON 2

Área: 631,97 quilómetros quadrados

Localização: Norte da Bacia do Baixo Congo (zona do Soyo),  limitado a Norte pelo Rio Zaire, a Sul pelo Bloco CON 4, a Leste pelo Bloco CON  3  e a Oeste pelo Bloco CON 1. 

Rocha geradora (Pré- sal): Argilas da Formação Pinda e/ou Formação Bucomazi;

Reservatório:  Carbonatos 

O olíticos da Formação Pinda;

Armadilha: Tipo mista (estrutural e estratégica);

Rocha de cobertura:  Com Evaporitos da formação Loeme e Formação Pinda.

BLOCO cON 3

Área: 723,3 quilómetros quadrados.

Localização: Parte Norte da bacia, limitado a Norte pelo Rio Zaire, a Sul Bloco CON 5, a Leste pelo Saco Pré Câmbrico e a Oeste pelo Bloco CON2.

Rocha Geradora: Argilas da formação Bucazi;

Reseravtório:  Arenitos em Pinchout da Formação Erva.

Armadilha: Tipo mista (Estrutural ou Estratégica;

Rocha de Cobertura: Argila da formação Bucamazi

BLOCO cON 3

Área: 744,77.

Localização: Centro da Bacia do Baixo Congo, zona do Soyo, limitado a Norte pelos blocos CON 4 e CON 5, Sul pelo Saco pré- Câmbrico e a Oeste pelo Bloco CON 6.  

Rocha geradora: Argilas da Formação Bucomazi; Reservatório: Arenitos em “Pinchout” da Formação Erva; Armadilha: Tipo Mista; 

Rocha de Cobertura: Argilas da Formação Bucomazi.

BLOCO cON 8

Área: 757,75 quilómetros quadrados.

Localização: parte Ocidental da Bacia do Baixo Congo. Pré-sal:  estruturas do tipo horsts e grabens com falhas no embasamento. 

Rocha geradora: Argilas da Formação Pinda e Bucomazi; Reservatório: Carbonatos da Formação Pinda. 

Armadilha: Tipo Mista.

Bacia terrestre do kwanza

BLOCO KON 1

Área: 1577,75 quilómetros quadrados.

Localização: parte Norte, limitado a Norte pelo Saco Pré- Câmbrico , a Sul pelos blocos KON 2 e KON 3, a Este pelo Saco Pré-Câmbico e a Oeste pelo Oceano Atlântico. Pós-sal:  Rocha geradora: Argilas da Formação Cuvo.

Reservatório: carbonatos da Formação Cuvo e arenitos em “pinchout”. 

Rocha de cobertura: Argilas da Formação Cuvo  Evaporitos da formação Sal Maciço.

BLOCO KON 3

Área: 1 385,06 quilómetros quadrados.

Localização: Nordeste da Bacia Terrestre do Kwanza, limitado a Norte pelo Bloco KON 1, a Sul pelos KON 6 e KON 7, à Este pelo Saco Pré-Câmbrico e a Oeste pelo KON 2. 

Rocha geradora: Argilas de Formação Cuvo. Reservatório: Carbonatos da Formação Cuvo e arenitos. 

Armadilha: Tipo mista (estrutural e Estratégica). Rocha de Cobertura: Argila da Formação, Binga, Catumbela e Cabo Ledo.

BLOCO KON 7

Área: 1 207, 86,77 quilómetros quadrados.

Localização: Limitado a Norte pelo KON 3, a Sul pelo KON 10, a Este pelo afloramento do embasamento e a Oeste pelo KON 6.

BLOCO KON 10

Área: 1 734,78 quilómetros quadrados.

Localização: limitado a Norte pelo KON 7, a Sul pelo KON 13 e 14, à Leste pelos Embasamento Pré-Câmbrico e a Oeste pelo Bloco 9. 

Rocha geradora: Argilas da Formação Binga. Reservatório: carbonatos da Formação Binga e Catumbela. 

Armadilha: Tipo mista (Estrutural  e Estratégica). 

Rocha de cobertura: Argilas intraformacionais do Albiano e da formação Cabo Ledo).

BLOCO KON 13

Área: 1 010,73 quilómetros quadrados, localizado no Centro-Este da bacia. 

Rocha geradora: Argilas da Formação Cuvo. Reservatório: carbonatos de Formação e arenitos em “pinchout”. 

Armadilha:  Tipo Mista (Estrutural ou Estratégica). Rocha de cobertura: Argilas da Formação Cuvo.

BLOCO KON 14

Área: 1 021,93 quilómetros quadrados.

Localização: bacia terrestre, limitado a Sul pelo Bloco KON 10, a Sul pelo KON 18, a Oeste pelo KON 13 e a Este pelo Saco Pré- Câmbrico. 

Rocha geradora: Argilas da Formação Cuvo e Binga. Reservatório: Carbonatos da Formação Binga e Catumbela. Armadilha: Tipo mista. 

Rocha de Cobertura: Argilas intraformacionais do Albiano e da formação Cabo Ledo.

BLOCO KON 15

Área: 007,82 quilómetros quadrados.

Localização: Sudoeste da bacia terrestre, limitado a Norte pelo Bloco KON 11, a Sul pelo Bloco 8 da Bacia Marítima do Kwanza, a Este pelos blocos Kon 16 e 19 e a Oeste pelos blocos 7 e 8 da bacia marítima do Kwanza.  

Rocha geradora: Argilas da Formação Cuvo; Reservatório: Carbonatos da formação Cuvo e arenitos em “pinchout”. Armadilha: Mista

Rocha de Cobertura: Formação de Cuvo e Evaporitos, Argilas Intraformacionais do Albiano e da Formação Cabo Ledo.

BLOCO KON 19

Área: 1007,82 quilómetros quadrados.

Localização: Sudoeste da bacia, limitada a Norte pela Bacia Terrestre do Kwanza, a Norte pelo Bloco KON 21, a Este pelo Bloco 20 e a Oeste pelo Bloco KON 20. 

Rocha geradora: Argilas da formação Cuvo. Reservatório: Carbonatos da Formação Cuvo. Armadilha: Tipo Mista (Estrutural ou Estratégica); Rocha de Cobertura: Evaporitos de Formação Salífera.

Joaquim Suami e Hélder Jeremias