Luanda – A Sociedade Petrolífera Angolana (Somoil), a maior empresa privada de energia nacional, registou lucros na ordem dos USD 182,1 milhões de dólares, um valor triplicado face ao resultado líquido de USD 40,9 milhões registado em 2021.
De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Somoil, Edson Santos, o ano de 2022 foi o melhor ano da história da petrolífera.
“Em 2021 já tinha sido o melhor ano da história da Somoil. 2022 é ainda melhor, um ano histórico para nós, com crescimento significativo, claramente mais seguro, mais amigo do ambiente e mais lucrativo”, considerou Edson Santos esta quarta-feira, num encontro com jornalistas.
Os resultados foram influenciados, além do aumento do preço do petróleo no mercado internacional, pelo aumento de produção e melhoria na eficiência e a flexibilidade que a empresa encontrou junto do Estado, que melhorou os termos contratuais.
A contribuição do Bloco 14, cuja produção ronda os 6,7 mil barris de petróleo dia (KBPD), operado pela Chevron, em Cabinda, também é tida em conta nos resultados.
Em conferência de imprensa denominada “Café com os Jornalistas”, Edson Santos, disse, sem contar com o desempenho do Bloco 14, que o resultado líquido da empresa melhorou perto de 88%.
“Saímos de uma empresa de 41 milhões de dólares, em 2021, para os próximos 77 milhões de dólares de resultado líquido, em 2022”, avançou.
Olhando para o resultado líquido integrado, com o Bloco 14, este resultado dobra para mais de 340%, entre 2021 a 2022, com 182,1 milhões de dólares, como resultado líquido integrado, tendo em conta a aquisição do referido bloco.
A receita bruta da petrolífera também cresceu, passando de USD 121,5 milhões, em 2021, para USD 448,3 milhões em 2022.
Actualmente, a Somoil regista uma produção (quota parte) mais de 12 mil barris dia (KBPD), observando-se um aumento, tendo em conta os registos de 4,3 mil barris, de 2021 e 4,1 mil de 2020.
Tais resultados também foram influenciados com o investimento em tecnologia.
Campos antigos
“Os campos da Somoil são muito antigos, muitos deles em produção desde os anos 70, o que exigiu muito investimento em upgrade na tecnologia”, apontou, referindo que a empresa saiu das bombas hidráulicas para bombas Jets, além de ter mobilizado unidades de perfuração em terra, que têm ajudado na perfuração de novos poços para mitigar o declínio e aumentar a produção do país.
Apesar do declínio da produção de petróleo em Angola, a Somoil regista aumentos nos últimos dois anos.
No quadro dos investimentos que a empresa tem aplicado, em termos operacionais, a Somoil regista diminuição do custo médio por barril, que em 2022, fixou-se em USD 14,55 contra os USD 32,40 de 2019.
“Muito esforço em torno de um programa que chamamos emagrece, que está ligado a produção de custos”, referiu.
A Somoil, é operada em quatro blocos, dos quais três delas em onshore (terra) e outro em águas rasas (100 metros de profundidade), com potencial de 50 mil barris diários (KBPD), nomeadamente, no Bloco 2/05 (30%), FS (15%), FST (31,33%) e na Bacia Terrestre do Baixo Congo- CON1 (40%).
A petrolífera nacional privada tem ainda participação em sete blocos operados por terceiros, sendo o Bloco 3/05 (10%), 3/05A (10%), 4/05 (18,75%), 14 (29%), 14K (14,5%), 17/06 (10%) e CON 6 (35%).
A empresa é tida, hoje, como um dos principais empregadores no município de Soyo (Zaire), e controla no global 279 colaboradores e 500 subcontratados, além dos empregos indirectos.
Quanto aos indicadores de segurança, de acordo com Edson Santos, há dois anos consecutivo que registam zero fatalidades ou acidentes graves, incluindo derrames de petróleo.
Adicionalmente, a taxa de acidentes totais registáveis saiu de 61%, em 2021, para 0,24%, em 2022.
“ A Somoil é o único operador no país que tem operações junto da população.Temos blocos em operação onde crianças passam a 100 metros, o que nos coloca a outro tipo de desafios”, disse, referindo que a segurança e protecção ambiental serem a principal prioridade.
Chegar aos 80 KBPD até 2030
Como desafios, a operadora privada prevê aumentar a sua produção para 40 KPD, em 2025 e tornar-se num operador de referência nacional em campos maduros, um “player” integrado de energia, além de querer dispersar cerca de 5% das suas acções em bolsa.
Até 2030, a Somoil augura duplicar a produção, passando para 80 KPD, com destes volumos procurar ser uma empresa internacional em campos maduros e em “deepwater”, ou seja águas profundas, bem como ser o principal dinamizador da transição energética em Angola. NE/AC