Angola quer dinamizar infra-estruturas,mas sem risco das finanças públicas

Luanda – A ministra das Finanças, Vera Daves, apontou, esta quarta-feira, duas frentes para fazer crescer o desenvolvimento de projectos de infra-estruturas do país, mas com financiamento “ o mais barato possível”.De acordo com Vera Daves, que falava na Mesa de Diálogo do Encontro empresarial Angola/Espanha, a parceria terá de avançar em duas frentes, a criação de infra-estruturas de base eficientes para a criação de um “bom” ambiente de investimento e a atracção de capital privado directo para investimento em projectos diversos, entre os quais, o agro-negócio, pescas e indústria.Uma das vias, que é o financiamento à infra-estruturas, Vera Daves diz ser importante que aconteça, mas sem deixar de defender as conquistas já alcançadas no quadro da sustentabilidade das finanças públicas.“Para nós, é importante defendermos a continuidade da sustentabilidade das finanças públicas, por isso, queremos continuar a buscar financiamento, o mais barato possível”, defende Vera Daves, que pede o apoio das autoridades espanholas no acesso à créditos/bancos, para que seja possível seguir a via de fazer crescer o desenvolvimento e os projectos de infra-estrutruras.Mas ao mesmo tempo, acrescentou, o país não quer colocar em risco o que já conseguiu de “bom” em termos de sustentabilidade das finanças públicas.A governante defende ainda para o país os projectos de infra-estruturas que ajudem a ancorar o crescimento do país, tendo convidado os empresários espanhóis e angolanos a ajudar a identificar o conjunto de projectos que auxiliem a aportar o crescimento da economia que se quer. “ Por mais que vos convidemos a fazer parceria connosco, na concretização da agenda de diversificação, se não existirem um conjunto de condições de base, como acesso a electricidade, água potável, estradas e rodoviárias, fica muito mais difícil, e temos consciência disso”, admitiu a governante, para quem, o sector privado é o principal motor do crescimento económico.Rácio da dívida em redução O ministro de Estado para Coordenação Económica, Nunes Júnior, que também interveio no encontro empresarial, reiterou a continua retoma da economia, nos últimos tempos, um período em que se regista equilíbrio nas contas internas e externas, bem como a redução da dívida publica, em relação ao PIB, que passou de 134% em 2020, para menos de 70% em Dezembro de 2022.Com o crescimento económico que se verifica, com menos necessidades de endividamento e o facto de estar-se a registar superavits fiscais, afirmou que o rácio da dívida pública vai continuar a reduzir.O foco está agora no crescimento económico, aumentar a produção nacional, intensificar a diversificação da economia nacional, um trabalho que admite difícil e complexo.Aos empresários espanhóis disse que existem várias oportunidades de investimento que Angola oferece, e apela investimentos, tendo em conta as facilidades já criadas.Empresários apostamA directora-geral da empresa espanhola DT.Global , María Garron, considera o encontro um reforço da parceria entre os dois países.Actuando no sector das águas em Angola, há quatro anos, disse ser importante ver o reafirmamento das empresas espanholas como parceiros de trabalho e de negócios em várias áreas. A empresa, com um investimento de quatro milhões de euros, em Angola, prevê reforçar acções no sector das águas e saneamento e apostar nas energias renováveis, que esperam a sua implementação para breve.Já o director geral da empresa angolana Candy- Factory (confeitaria), Frederico Crespo, disse o fórum entre Angola/Espanha é um sinal de que o ambiente de negócios está a melhorar e há muitos empresários que vêem explorar o mercado angolano,o que considera positivo.“Temos de criar oportunidades e depois criar parcerias com os empresários espanhóis”, disse, apontando oportunidades para investimento na transformação de produtos agrícolas. O empresário vaticina atracção de muito investimento privado nos próximos anos, com destaque para o espanhol. Já o presidente da Associação das Industrias de Angola (AIA), José Severo, destaca os esforços da diplomacia economia que o Presidente da República tem dedicado à Espanha, que a seu ver tem respondido muito bem.No seu entender, a Espanha está a trabalhar numa estratégia muito imperativa e real, augurando boas expectativas, mas defende que o empresariado daquele país europeu acredite mais em Angola.“Temos áreas em que eles estão bem presentes, como energia, com empresas de renome internacional, mas na se sente a presença de Espanha no sector de mineração e na agricultura e agro-indústria, o que nós precisamos”, apontou o empresário.Outras áreas que Espanha pode apostar estão ligadas ao produção e processamento de café, a reflorestação no Sul e Leste de Angola para a produção de celulose, com vista a redução dos custos de importação de papel que ronda os 400 milhões de dólares/ano, quando Angola já foi exportador como projecto do Altocatumbela.O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) aponta ainda áreas de investimento como a transformação de sal, produção de sodacaústica, que Angola importa, todos os anos, pagando 200 milhões de dólares, e na fruticultura, visto que a Espanha é um grande produtor de concentrados a nível da Europa.De acordo com José Severino, as oportunidades para investimento em Angola existem em várias áreas, como o algodão, que segundo o empresário pode ser produzido na Huíla, Benguela Cuanza Sul, Bengo, além de Malanje.Representantes da Elecnor e da conferencia espanhola de organizações empresariais (CEOE) também partilham as suas experiencias de trabalho no fórum, testemunhado pelo Presidente de Angola, João Lourenço e o Rei da Espanha, Felipe VI.