O antigo chefe do Estado-Maior do Exército, Matias Lima Coelho “comandante Nzumbi”, sublinhou que o ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, foi um homem muito inteligente, rápido a pensar e com um controlo emocional muito forte.
Estas qualidades, disse, foram evidenciadas como arquitecto da paz, feito que permitiu retirar os angolanos do caminho da guerra, fruto dos anos de empenho de uma presidência que o prendeu durante toda a vida, devido ao alto compromisso com a Pátria.
O general fez saber que é preciso tomar em atenção que José Eduardo dos Santos tornou-se Presidente muito cedo, servindo o país de forma exemplar, “cuja capacidade de trabalho resultou na afirmação da nossa Independência e soberania”. “O nosso Comandante-em-Chefe não teve tempo de gozar a vida”, frisou, tendo sublinhado que “ele viveu uma vida inteira de servidor público até quase à sua morte”.
General Nzumbi realça, sem entrar em detalhes, que no tempo das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), o ex-Presidente da República mantinha, anualmente, uma reunião com todos os comandantes e membros do Estado -Maior-General, da Força Aérea Nacional e da Marinha de Guerra.
O ex-Presidente da República visitava a tropa, depois de situações ímpares. No dia 13 Julho de 1984, José Eduardo dos Santos foi à Huíla, depois de cumpridos os propósitos, resolveu sair de carro do Lubango a Cahama (Cunene), tendo passado quase todo o dia, ou seja, desde às 9 da manhã até às 4 horas da tarde.
“Visitou as tropas do Posto de Comando, as trincheiras do destacamento de infantaria, uma posição de artilharia e a unidade de defesa anti-aérea”, conta o general Nzumbi. “José Eduardo dos Santos, depois, saudou o povo”.
Enquanto comandante da Frente Centro, que respondia por Benguela, Huambo, Bié e Cuanza-Sul, o general Nzumbi afirma que José Eduardo dos Santos esteve cinco vezes na região, “porque fazia parte do acompanhamento à tropa”, conta o general, debaixo de forte comoção.
A ligação ao desporto
“Com o ex-Presidente jogávamos futebol todos os domingos, de forma religiosa, pelo menos até ao princípio de 1981, época em que me desvinculei do Regimento Presidencial, onde desempenhei as funções de chefe de Pessoal e Quadros e do Comité Desportivo Militar do Regimento”, disse o general Nzumbi. Re-fere-se a nomes como os dos generais Ndalu, Mariano Puco, Alberto Neto, Pedro Sebastião, Kundi Paihama, para citar apenas estes, que participavam das partidas de carácter amigável, disputada em quatro equipas e, geralmente, faziam dois jogos.
O ex-Presidente da República, conta o general, foi um homem dos desportos, bom futebolista, qualidades evidenciadas na sua passagem pelo Futebol Clube de Luanda, uma filial do Porto. “No primeiro jogo que houve entre a velha guarda da guerrilha e a da clandestinidade, José Eduardo dos Santos também participou. “Era muito ligado ao desporto, basta olhar para os campos e estádios que foram construídos para promover e desenvolver a actividade desportiva no país”, enfatizou.
“Infelizmente a vida é assim”. Matias Lima Coelho, comandante Nzumbi, que ingressou no Regimento Presidencial em 1978, na vigência do fundador da Nação, Dr. António Agostinho Neto, recordou que foi durante os jogos de domingo que viu, pela primeira vez, o ex-Presidente José Eduardo dos Santos a soltar uma “sonora gargalhada”, depois de uma piada. Refere que, para nós, os próximos, na altura, foi algo muito curioso, porque ele era muito comedido, apesar de ser boa pessoa. “Perdemos um grande homem”, concluiu o comandante Nzumbi.
Fonte: Jornal de Angola