Onda de solidariedade pela morte do antigo Presidente

Uma onda de solidariedade internacional para com o Governo e o povo angolano, pela morte do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, estende-se, desde sexta-feira.

Os membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas observaram, na sexta-feira, um minuto de silêncio em homenagem ao falecimento do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, a pedido do Brasil, país que preside o órgão neste mês (Julho).

Em nota separada, o presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, também expressou pesar pela morte de José Eduardo dos Santos, na sua conta numa rede social, considerando que o ex-Presidente angolano esteve à frente do país em “tempos muito difíceis”, enquanto o Secretário-Geral lembrou do papel na luta pela Independência de Portugal e na assinatura do acordo de paz que acabou com a guerra civil em 2002.

O Secretário-Geral das Nações Unidas afirmou que está triste com a notícia da morte do ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Em nota, emitida pelo seu vice-porta-voz, António Guterres lembrou o passado do ex-líder como integrante do MPLA, durante a luta de Independência como colónia de Portugal.

Entrada na ONU em 1975

O chefe da ONU ressaltou ainda que sob a liderança de José Eduardo dos Santos, o país assinou o acordo de paz, de 2002, que colocou fim à guerra civil, que eclodiu após a Independência.

Dos Santos sucedeu o primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto, após a conquista da Independência de Portugal, em 1975. Neste mesmo ano, o país entrou para as Nações Unidas como Estado-membro.

Importante parceiro regional e do multilateralismo

José Eduardo dos Santos deixou a presidência em 2017 após 38 anos de Governo, tendo sido rendido pelo actual Presidente João Lourenço. Em nota, António Guterres lembrou que, como Presidente angolano, José Eduardo dos Santos levou a Nação a tornar-se um importante parceiro regional e internacional.

O Secretário-Geral da ONU ressaltou ainda o legado de Dos Santos para o multilateralismo. Guterres concluiu a mensagem, expressando profundas condolências à família do ex-Presidente, ao Governo e ao povo de Angola.


Vladimir Putin
História do Estado angolano indissociavelmente ligada ao nome de José Eduardo dos Santos

O Presidente russo, Vladimir Putin, expressou, este sábado, as suas condolências ao homólogo angolano, João Lourenço, pela morte de José Eduardo dos Santos, realçando o contributo do ex-Presidente para as relações entre os dois países.

“Caro Sr. Lourenço, receba as nossas mais sentidas condolências pela morte do ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos”, disse o Presidente russo, num telegrama, citado pelo Kremlin, referindo que “a história do Estado angolano está indissociavelmente ligada ao nome de José Eduardo dos Santos”, falecido na sexta-feira.

“Participante activo na luta pela Independência Nacional e líder do país por muitos anos, conquistou o respeito dos seus compatriotas por direito próprio e alcançou considerável prestígio internacional. É difícil subestimar a sua contribuição para o desenvolvimento das relações russo-angolanas”, acrescentou o chefe do Kremlin.

Putin pediu ao homólogo angolano que transmitisse as sinceras condolências e as suas palavras de apoio aos familiares do ex-Presidente, assim como a todo o povo angolano.


CHINA
Ex-Presidente fez grandes contribuições para a amizade e cooperação


A Embaixada da China em Angola lamentou “profundamente” o falecimento de José Eduardo dos Santos, ex-Presidente de Angola “e amigo do povo chinês, que fez grandes contribuições para a amizade e cooperação entre a China e Angola”.

Na página oficial do Twitter, a representação diplomática apresenta as “mais sentidas condolências à família enlutada”.


RECONHECIMENTO
Morte de Dos Santos é “trágica” para Angola, Namíbia e África

O Presidente da Namíbia disse, este sábado, que a morte do ex-Presidente José Eduardo dos Santos “é uma perda trágica” para Angola, Namíbia e África como um todo, recordando a “imensa contribuição” que deu para a libertação do seu país.

 “Hoje é um dia sombrio para o continente africano. Outra árvore gigante caiu. Angola perdeu um ícone político excepcional, e a África um herói e um estadista admirável. Esta é uma perda trágica para Angola, Namíbia e África como um todo”, afirmou Hage G. Geingob, numa nota de pesar, divulgada pela presidência namibiana.

O Presidente da Namíbia destacou o papel que José Eduardo dos Santos teve como “lutador tenaz pela liberdade e um pan-africanista convicto”.

 Na nota refere-se que foi com “profundo sentimento de tristeza e pesar” que tomou conhecimento da morte de José Eduardo dos Santos, antigo Presidente da República de Angola, em Barcelona, Espanha.

 “O Presidente dos Santos foi um revolucionário notável, um lutador tenaz da liberdade e um pan-africanista convicto, que dedicou a sua vida à busca da liberdade, justiça e igualdade para os povos de Angola, África Austral e África em geral. Ao recordarmos esta grande figura africana, celebramos o seu rico legado de serviço leal ao povo de Angola”, realçou.

 O Chefe de Estado da Namíbia considerou que para “o povo namibiano, o ex-Presidente Dos Santos será lembrado pela sua imensa contribuição para a libertação da Namíbia”.

 Por muitos anos, “Angola foi o lar de quadros da SWAPO e inúmeros namibianos, que foram para o exterior para lutar contra o colonialismo do ‘apartheid’”, sublinhou.

 “Angola juntamente com outros Estados da Linha da Frente forneceu apoio político, material e diplomático aos combatentes da liberdade da Namíbia, sob a liderança da SWAPO”, destacou.

 Assim, concluiu Hage G. Geingob, “a Namíbia tem uma grande dívida de gratidão para com o ex-Presidente Dos Santos e o povo angolano” e “não há dúvida de que o seu legado permanecerá imortalizado nos corações e mentes das gerações actuais e sucessivas de namibianos”.

 Pessoalmente, acrescentou que vai lembrar-se do Presidente Eduardo dos Santos “como um amigo querido”, com quem teve uma “óptima relação de trabalho”. 

“Guardo com carinho a memória da sua presença na minha posse como Presidente da Namíbia, em 2015”, revelou ainda. Pelo que em nome do Governo e do povo da Namíbia, apresentou as condolências “à família enlutada, ao Governo e ao povo fraterno de Angola”. 

José Eduardo dos Santos morreu aos 79 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento, anunciou a Presidência angolana, que decretou sete dias de luto nacional. 

Eduardo dos Santos governou Angola entre 1979 e 2017, tendo sido um dos Presidentes a ocupar por mais tempo o poder no mundo e era regularmente acusado por organizações internacionais de corrupção e nepotismo.

 RDC
Tshisekedi declara um dia de luto nacional


O Presidente da República Democrática do Congo (RD Congo), Félix Tshisekedi, declarou um dia de luto nacional por ocasião das cerimónias fúnebres de José Eduardo dos Santos para homenagear a memória do ex-Estadista angolano.

Num comunicado assinado pelo chefe de gabinete, Guylain Nyembo, o Presidente Tshisekedi exprime “profunda tristeza face à morte deste ilustre amigo da RDC que durante anos demonstrou um apoio inabalável à salvaguarda da integridade territorial, diante das tendências beligerantes de inimigos, especialmente, nas horas mais sombrias da história recente”.

Félix Tshisekedi apresenta também profundas condolências à família de José Eduardo dos Santos, que faleceu sexta-feira, numa clínica de Barcelona, aos 79 anos, bem como “à República irmã de Angola”.

“A fim de honrar a sua memória, será decretado um dia de luto nacional na República Democrática do Congo, na data das suas exéquias”, acrescenta o comunicado.

Fonte: Jornal de Angola