O Presidente da República, João Lourenço, sublinhou, segunda-feira, no Sumbe, capital da província do Cuanza-Sul, a importância de uma estratégia integrada para promover a saúde pública, que inclui não apenas a construção de infra-estruturas, mas também a formação de profissionais de saúde.
“Ao mesmo tempo que estamos a construir, estamos a apostar seriamente na formação e especialização dos nossos profissionais”, disse João Lourenço, realçando que “a qualidade do atendimento médico depende não só da infra-estrutura, mas da capacidade dos profissionais em utilizar os equipamentos de ponta instalados”.
Em declarações à imprensa depois de ter inaugurado o Hospital Geral do Cuanza-Sul, o Presidente João Lourenço anunciou a construção do novo Hospital Oncológico em Luanda, justificando a escolha da cidade por abrigar cerca de um terço da população do país.
“Não temos a capacidade de fazer três/quatro hospitais distribuídos pelo país, por enquanto. Então, entendemos que a cidade, que tem cerca de um terço da população do país, é onde devemos começar por criar as melhores condições para o combate às doenças oncológicas, que é um dos handicaps que temos neste momento”, declarou João Lourenço.
O Chefe de Estado destacou, ainda, que, apesar dos avanços em áreas como a insuficiência renal e doenças cardiopulmonares, Angola ainda enfrenta um grande desafio no combate ao cancro, tendo apontado o saneamento básico nas cidades como um factor essencial para a saúde pública, ajudando a prevenir doenças.
“Se as nossas cidades estiverem bem, em termos de saneamento básico, não haverá acumulação de lixo, de águas estagnadas , nem fontes de criação de mosquitos e outros bichos prejudiciais à saúde humana. Sem isso, estaremos a concorrer para o bem-estar dos angolanos”, declarou.
Durante as declarações à imprensa, o Presidente da República prestou homenagem ao comandante cubano Raul Diaz-Argüelles, cujo nome foi dado ao novo hospital, lembrando a importância histórica das batalhas pela Independência de Angola, em especial a batalha de Kifangondo, antes do 11 de Novembro de 1975, e a batalha do Ebo, travada logo após esse momento.
“Se não tivéssemos vencido essas batalhas, quem sabe não seríamos independentes ou a Independência teria ocorrido muito mais tarde e ao custo de mais suor e sangue dos angolanos”, afirmou o Presidente, para sublinhar que ao dar o nome de Raul Diaz-Argüelles ao hospital, Angola presta homenagem a todos os combatentes cubanos que lutaram ao lado dos angolanos durante os anos difíceis de guerra.
Após a inauguração do Hospital Geral do Cuanza-Sul, o Presidente João Lourenço realizou uma visita guiada e prolongada às diversas áreas da infra-estrutura, para se inteirar dos pormenores da unidade hospitalar e dos serviços que serão oferecidos à população.
Resposta oportuna
A ministra da Saúde afirmou que a unidade sanitária vai dar resposta oportuna e eficiente à enorme demanda de pacientes politraumatizados, devido à grande frequência de acidentes rodoviários observados na Estrada Nacional 100, a maior do país, com 1858 quilómetros de extensão.
Sílvia Lutucuta sublinhou, ainda, a importância do novo hospital para a província do Cuanza-Sul, indicando que a região tinha carência de serviços de saúde de alta complexidade.
A nova unidade, de nível terciário e de referência nacional e provincial, acrescentou, está equipada com tecnologia avançada e prestará serviços de alta complexidade, como hemodiálise, cuidados intensivos para adultos e neonatos, além de dispor de blocos operatórios e o maior serviço de banco de sangue da província.
A titular da pasta da Saúde expressou o seu reconhecimento ao Presidente da República pela liderança na transformação e inovação do sector da Saúde no país.
“Tenho a elevada honra de exprimir à Vossa Excelência, Presidente da República e Titular do Poder Executivo, João Manuel Gonçalves Lourenço, o nosso mais profundo sentimento de respeito e gratidão pelos princípios nobres e justos que norteiam a transformação e inovação no sector da Saúde”, disse a ministra.
O hospital, com 200 camas e uma equipa de 1.144 profissionais, entre médicos, enfermeiros e técnicos, conta, também, com um internato médico e outro de enfermagem, além de um programa contínuo de formação e treinamento dos profissionais de saúde.
Durante a cerimónia de inauguração do Hospital Comandante Raul Diaz Argüelles, o ministro da Saúde Pública de Cuba, José Ángel Portal Miranda, enalteceu o legado do mártir cubano que dá nome à unidade hospitalar e destacou o apoio de Cuba ao bem-estar dos povos africanos.
“É um facto que nos enche de orgulho e nos compromete a continuar a trabalhar com empenho, como temos feito até hoje”, afirmou o ministro cubano.
José Ángel Portal Miranda sublinhou que a homenagem a Raul Diaz Argüelles é, também, uma honra dedicada aos mais de mil combatentes cubanos que, como ele, perderam a vida em terras africanas, na luta contra o colonialismo e no período da dominação imperial estrangeira e do apartheid.
“Entre 1975 e 1991, cerca de 427 mil cubanos cumpriram missões em Angola, sendo 367 mil como combatentes e outros 50 mil como colaboradores em diversas áreas”, disse.
Raul Diaz Argüelles, também conhecido como “Domingos da Silva”, durante a sua missão em Angola, foi destacado pelo ministro como um símbolo da irmandade e solidariedade entre Cuba e Angola.
“Entre os seus muitos méritos revolucionários, destacou-se na responsabilidade de estabelecer e dirigir a missão cubana no país, respondendo ao pedido de ajuda de Agostinho Neto diante das agressões do regime racista sul-africano e outras forças imperialistas”, lembrou.
O ministro cubano expressou, ainda, o orgulho de Cuba por ter contribuído para a defesa da integridade territorial e soberania de Angola, acções que, na sua opinião marcaram um ponto de viragem na luta pela Independência de outras nações africanas, como a Namíbia, o Zimbabwe e a libertação de Nelson Mandela da África do Sul, pondo fim ao regime do apartheid naquele país.
“A história de Raul Diaz Argüelles será sempre inspiradora para o povo cubano e muitos outros”, disse José Ángel Portal Miranda, lembrando as palavras do eterno Comandante-em-Chefe de Cuba Fidel Castro, que, após a morte de Diaz Argüelles, afirmou que as gerações futuras jamais esquecerão o seu exemplo revolucionário.
Além da colaboração militar, o ministro cubano destacou a cooperação da maior Ilha do Caribe com Angola em várias áreas, como a Educação, Cultura, Agricultura, Recursos Hídricos e Construção.
No sector da Saúde, enfatizou a importância da formação de recursos humanos. “Desde 1991, Cuba mantém uma estreita cooperação com Angola na área da Saúde, com 1.243 colaboradores cubanos actualmente no país, totalizando mais de 16.500 profissionais, desde o início da cooperação”, sublinhou.
No que diz respeito à formação de profissionais de saúde, o ministro mencionou que 1.646 angolanos se formaram em ciências médicas em universidades cubanas e, actualmente, 52 angolanos estão a estudar Medicina em Cuba.
Destacou o envolvimento de médicos cubanos certificados para a formação em instituições angolanas, que contribuem para o desenvolvimento do sector da Saúde no país.
O Hospital Comandante Raul Diaz Argüelles, localizado no município do Sumbe, local onde veio a falecer, a 11 de Dezembro de 1975, o comandante cubano, é descrito pelo ministro como “muito mais do que uma instituição médica moderna, com tecnologia de ponta”, sendo uma demonstração do que mais pode ser feito, em conjunto, para garantir maior qualidade aos cuidados médicos especializados.
José Ángel Portal Miranda sublinhou, a finalizar, ter ouvido atentamente o Presidente da República e a Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, tendo agradecido a Angola o apoio na luta contra o bloqueio imposto à Cuba, destacando que os laços históricos entre os dois países são enraizados na solidariedade, fraternidade e respeito mútuo.
“Cada vitória no domínio da Saúde é, também, uma vitória para a vida, o bem-estar e o futuro dos nossos povos”, concluiu o ministro cubano da Saúde Pública.