Angola e Zâmbia assinam acordo para extensão do Corredor do Lobito

Angola e a Zâmbia assinaram, em Nova Iorque, Estados Unidos da América, um acordo de concessão para a construção de uma infra-estrutura que vai ligar os dois países, por via do Corredor do Lobito, numa extensão de cerca de 800 quilómetros.

Ao prestar declarações à imprensa angolana destacada aqui em Nova Iorque, sobre este feito, rubricado terça-feira, o ministro dos Transportes, Ricardo D’Abreu, considerou o momento histórico para os dois países e para o continente africano.

“O Corredor do Lobito é um projecto secular, mas faltava-nos a rota para a Zâmbia, para completarmos, então, a ligação do Corredor do Lobito ao Centro da nossa região, particularmente à zona Copperbelt, onde estão depositados significativos minerais muito importantes para este momento de transição energética mundial”, destacou o ministro, referindo que a Zâmbia assume a maior parte dos 800 quilómetros da infra-estrutura, tendo mais de 500 quilómetros do seu lado contra cerca de 280 do lado de Angola. “É um projecto importante e impactante”, acrescentou.

O responsável esclareceu que este acordo não visa apenas a colocação da infra-estrutura naquela linha, mas, também, desenvolver todo o potencial existente no Corredor Económico do Lobito, seja a nível do agronegócio, seja das indústrias de processamento e transformação dos próprios minerais, gerando, deste modo, empregos e oportunidades de negócio, quer do ponto de vista doméstico, quer do ponto de vista internacional.

O ministro dos Transportes avançou que o projecto não será financiado numa lógica de linha de crédito com endividamento público. Explicou que a concessão do Corredor do Lobito é que está a proporcionar este momento, tornando mais conhecido o potencial do Corredor do Lobito, com destaque para o interesse do sector privado das instituições financeiras multilaterais, bilaterais e de desenvolvimento de poderem participar na produção deste investimento.

“É um novo paradigma, digamos assim, de estruturas de financiamento para infra-estruturas desta natureza em África e, aqui, temos, também, esta grande novidade e, obviamente, temos a agradecer o empenho do Estado norte-americano, por estar a promover este investimento e ser o grande motor de incentivo a nível das outras regiões e em outros países no envolvimento e financiamento do mesmo”, frisou.

Em termos de retorno, o ministro dos Transportes disse que a assinatura deste acordo vai garantir a extensão dos corredores do país, lembrando que Angola tem uma “grande” oportunidade pelo facto de ter os principais portos ligados às linhas ferroviárias.

O ministro dos Transportes revelou que a estratégia do Executivo passa por garantir a extensão dos corredores do país para os países vizinhos e facilitar a economia doméstica, regional e global. “Na prática, é o que nós queremos fazer, conseguir garantir que a nossa região esteja interligada, de costa a costa, do Atlântico ao Índico, e depois garantir que essa mesma ligação esteja conectada ao mundo, facilitando, então, a economia global”, concluiu.

O acordo, que visa operacionalizar o Corredor do Lobito, destina-se à concessão para o financiamento, construção, propriedade e operação do projecto ferroviário. Foi assinado durante uma cerimónia organizada pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e pela Parceria do G-7 para Infra-estrutura e Investimento Global (PGl) da Administração Biden, à margem da 79ª Sessão da Assembleia- Geral da ONU, que decorre em Nova lorque.

O acordo foi assinado com a Africa Finance Corporation (AFC) e o Governo da Zâmbia, representado pelo presidente da AFC, Frank Tayali, na presença do ministro das Relações Exteriores, Téte António.

O projecto vai ligar o Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), em Luacano (Angola), à já existente linha ferroviária da Zâmbia, em Chingola.