Angola vai construir hospital oncológico de maior dimensão

O país vai ter, no próximo ano, um novo hospital de grande dimensão, especializado no tratamento de doenças cancerígenas, para acudir aos vários tipos de cancro identificados nas unidades hospitalares, anunciou, sexta-feira, o Presidente da República, João Lourenço, durante a inauguração do Hospital Geral de Cacuaco, denominado “Heróis de Kifangondo”, em homenagem aos protagonistas da Luta de Libertação Nacional de Novembro de 1975.

O futuro Hospital Oncológico de Luanda, actualmente em construção na capital do país, de acordo com o Chefe de Estado, que falava em conferência de imprensa, vai atender adultos e crianças que padecem de cancro, devendo constituir-se na principal unidade hospitalar especializada em patologias de fórum cancerígeno.

“Seria bom que todas as grandes unidades hospitalares tivessem uma pequena unidade a fazer o mesmo, mas isso, na prática, não é realizável. Acredito que, a partir do próximo ano, e a ministra está aqui, no final do próximo ano, teremos o hospital oncológico pronto, que vai atender adultos e crianças”, assegurou o Presidente da República.

O objectivo do Executivo, de acordo com o Presidente da República, é que a unidade hospitalar especializada no tratamento de casos de cancro seja a grande alternativa aos dois centros de Oncologia já existentes no país, um dos quais pediátrico, o único do género para acudir crianças com a patologia, anexado ao Hospital Geral de Cacuaco “Heróis de Kifangondo”, inaugurado ontem.

“Esta unidade de Cacuaco tem uma ala pediátrica para atender as crianças com problemas de cancro”, esclareceu João Lourenço, referindo-se ao Centro Oncológico Pediátrico.

O Presidente da República referiu que o Executivo reconhece não ter, ainda, “capacidade de atender grande parte dos nossos doentes”, justificando, por isso, a excepção aberta para Junta Médica aos poucos doentes que ainda beneficiam desse tratamento fora do país.

“Ao contrário do que muita gente diz, a Junta Médica não foi encerrada, existe. O número reduziu muito, mas dos poucos que ainda conseguem sair em Junta Médica são, precisamente, estes doentes com situações de cancro. Estamos a prestar atenção à assistência aos doentes de cancro, começando por estes investimentos para os doentes e crianças que padecem de diversos tipos de cancro, mas estamos a construir um grande Hospital Oncológico em Luanda. Portanto, este sim, vai se dedicar exclusivamente ao tratamento de doenças cancerígenas”, assegurou.
Inversão de despesas em investimentos no país

O Presidente da República revelou que o Executivo tomou a decisão de reduzir as altas despesas que vinha fazendo com a Junta Médica, enviando milhares de cidadãos angolanos para o exterior, invertendo as despesas em investimentos no país. “Desde essa altura, para além da construção de infra-estruturas, prestamos a atenção sobretudo a dois tipos de patologia, que eram aquelas que mais levavam o Governo a enviar cidadãos para o exterior do país, em tratamento”, disse, referindo-se a problemas de fórum cardíaco e renal.

João Lourenço esclareceu que, na altura, o país não tinha capacidade para atender doentes de forma satisfatória nestas duas áreas, razão pela qual optou por começar a criar, internamente, capacidade de atendimento para doenças do coração e do rim, com a excepção do transplante.

Em relação ao tratamento do rim, explicou o Chefe de Estado, o país só não fazia o transplante, sublinhando que relativamente “a simples diálise” Angola pode, hoje, “dar-se ao luxo de dizer simples diálise”, ao contrário do passado em que encarava o tratamento como “um bicho de sete cabeças”, a tal ponto de que se tinha de mandar doentes para fora do país.

“Nestas duas áreas, pelo menos começámos e vamos dar continuidade”, regozijou-se o Presidente João Lourenço.


Executivo quer trazer indústria de medicamentos

O Presidente da República assegurou que o Executivo está apostado em trazer para Angola a indústria de medicamentos, para permitir que baixem os preços e mais cidadãos tenham acesso facilitado aos fármacos.

João Lourenço, que respondia a uma questão do Jornal de Angola, sobre a escassez de medicamentos nos hospitais, fez questão de assegurar que os fármacos nas unidades hospitalares são gratuitos.

“É evidente que não são para todos. São para aqueles que, por qualquer motivo, recorreram às unidades hospitalares. Os outros, como é normal, têm de adquirir os medicamentos em farmácias. Os preços dos medicamentos talvez estejam ainda caros, sobretudo porque o país não produz medicamentos”, explicou.

Acrescentou que “todos os medicamentos consumidos no país, quer os vendidos pelas farmácias privadas, quer os consumidos nos hospitais públicos e privados, são, regra geral, importados”, destacando que, em face disso, a aposta “em trazer a indústria farmacêutica para Angola, para ver se reduzimos a importação de medicamentos e, com isso, baixamos também os custos”.

O Chefe de Estado sublinhou, ainda, que a fábrica de medicamentos a ser implantada no país será de investimento privado.

“O Estado vai dar as facilidades que forem possíveis, para viabilizar este tipo de negócio privado. Gostava de deixar isso bem vincado: é do interesse do Estado que surja essa indústria, mas não será o Estado a fazer o investimento”, enfatizou.