O Presidente do Rwanda, Paul Kagame, aceitou, segunda-feira, encontrar-se, em breve, com o homólogo da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, para a busca da paz no Leste deste país.
A garantia foi dada pelo ministro angolano das Relações Exteriores, no final de um encontro entre o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, e Paul Kagame, no Palácio da Cidade Alta.
Segundo Téte António, o encontro entre Kagame e Tshisekedi vai ter lugar em data e local a anunciar pelo Presidente João Lourenço, na qualidade de mediador da União Africana no diferendo entre a RDC e o Rwanda.
“O Presidente Kagame aceitou o princípio de se encontrar com o Presidente Tshisekedi, em data a indicar pelo medianeiro”, adiantou o ministro das Relações Exteriores, Téte António, à imprensa, no final da reunião entre os dois Presidentes.
O chefe da diplomacia angolana fez saber que o Presidente Paul Kagame também aceitou o princípio (já acordado com a parte congolesa) de as delegações ministeriais dos dois países trabalharem para a concretização deste passo.
Téte António, que participou da reunião, informou que a realização do encontro entre os Presidentes Paul Kagame e Félix Tshisekedi enquadra-se nas acções levadas a cabo pelo estadista angolano, a mando da União Africana, para a conquista da paz e reconciliação no Leste da RDC. Ainda é desconhecido o formato do encontro, se uma mini-cimeira, com a presença de outros Chefes de Estado, ou se apenas entre os três Presidentes, nomeadamente, João Lourenço, na qualidade de medianeiro, e Paul Kagame e Félix Tshisekedi.
Paul Kagame desembarcou na capital angolana ao fim da manhã de ontem, para uma visita oficial de poucas horas, a convite do Presidente João Lourenço, na qualidade de medianeiro da União Africana para reaproximar as lideranças daqueles dois países, com vista à busca do grande objectivo, que passa pela pacificação do Leste da RDC.
No dia 27 de Fevereiro, João Lourenço reuniu, também na Cidade Alta, com Félix Tshisekedi, tendo este manifestado a disponibilidade de encontrar-se Paul Kagame.
O Presidente João Lourenço tem se mostrado incansável na busca de solução para a crise de paz e segurança no Leste da República Democrática. Um dia antes da abertura da 37ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, realizada em Fevereiro deste ano, em Adis-Abeba, Etiópia, o Presidente João Lourenço promoveu, na qualidade de Campeão para a Paz e Reconciliação em África, uma mini-cimeira para abordar a situação naquela zona da RDC, com a participação de vários Chefes de Estado e de Governo presentes na capital etíope para participar na Cimeira da União Africana.
Esta mini-cimeira visou relançar as bases para a conjugação de esforços, com vista ao estabelecimento de um novo cessar-fogo no Leste da RDC, onde o exército nacional e as forças opositoras do M23 se envolvem em duros combates.
Na sequência desta mini-cimeira, o estadista angolano manteve, no dia seguinte, encontros separados com os Presidentes Paul Kagame e Félix Tshisekedi, para abordar a situação naquela região da RDC.
Entre os vários resultados já obtidos pelo estadista angolano, no quadro deste processo, destaca-se o roteiro de Luanda. Este documento foi aprovado, em Luanda, no dia 6 de Julho de 2022, durante a Cimeira Tripartida da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), entre Angola, RDC e Rwanda, que aponta os caminhos para a pacificação no Leste da RDC.
Entre os vários pontos constantes neste documento, assinado pelos Presidentes Paul Kagame, Félix Tshisekedi e João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos e mandatário da UA, destacam-se a instauração de um clima de confiança entre os Estados da Região dos Grandes Lagos, a criação de condições ideais de diálogo e concertação política, com vista à resolução da crise de segurança no Leste da RDC, a normalização das relações políticas e diplomáticas entre a RDC e o Rwanda, assim como a cessação imediata das hostilidades.
As Nações Unidas consideram o Roteiro de Luanda um documento importante para a resolução da crise reinante no Leste da República Democrática do Congo, sublinhando tratar-se de um apoio valioso para aquele problema.