Visita de Antony Blinken reforça cooperação entre Angola e EUA

A visita a Angola do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, quinta e sexta-feira, vai ajudar no fortalecimento das relações políticas, diplomáticas e económicas entre os dois países, afirmaram segunda-feira, em Luanda, os analistas Osvaldo Mboco e Damárcio dos Santos.

Em declarações ao Jornal de Angola, no âmbito da visita do governante norte-americano ao país, Osvaldo Mboco considerou que se enquadra no fortalecimento da cooperação existente entre Angola e EUA.

O analista referiu que Angola tem conhecimento do sistema internacional sobre várias matérias, principalmente no continente africano, facto que proporciona a visibilidade e a posição de destaque na África Austral e Central.

“Angola é um país estável do ponto de vista político e militarmente. Joga um papel significativo na prevenção, gestão e resolução de conflitos”, disse Mboco, acrescentando que “este critério” faz com que os Estados Unidos da América a coloquem “dentro do quadro da estratégia da sua política externa”.

“Daí que o Presidente João Lourenço foi convidado a participar da Cimeira EUA-África, e, também, recebemos em Angola a visita do titular da Defesa, Lloyd Austin, e, agora, teremos o secretário de Estado norte-americano”, reiterou.

 
Papel do país na região

Para o especialista em Relações Internacionais Damárcio dos Santos, a visita do secretário de Estado norte-americano vai reforçar o papel significativo do país na África Austral, tornando Angola num Estado-director na região e impactando directamente no desempenho económico nacional e mundial.

Damárcio dos Santos entende que, com isso, o país estará muito bem posicionado, pois o Presidente João Lourenço teve há pouco tempo um encontro histórico com o homólogo Joe Biden.

“Já há uma agenda nacional em torno desta cooperação. Caso não haja, é indispensável que se articule e se definam os interesses nacionais, de modo que se consigam ganhos concretos, capazes de se reflictirem no país. Aliás, faz-se política externa em função das necessidades internas”, acrescentou.

O périplo do secretário de Estado norte-americano, segundo ainda o especialista em Relações Internacionais, mostra, claramente, a intenção dos EUA de fortalecer as relações políticas, diplomáticas e económicas com os países africanos. A dinâmica e a complexidade das relações internacionais, continuou Damárcio dos Santos, obrigam os actores do sistema internacional a rever os conceitos de estratégias a nível das políticas externas, sublinhando que as grandes potências, na geopolítica mundial, almejam alcançar “objectivos políticos” com os demais países do mundo.


Resolução de conflitos

O especialista em Relações Internacionais afirmou, ainda, que Angola é um país que se tem tornado num verdadeiro participante em África, em matéria de resolução de conflitos, sobretudo, no Leste da RDC.

“Esta visita vai servir, também, para os dois países criarem estratégias para mitigar a situação na RDC, que, infelizmente, a cada dia que passa tem piorado, por falta de vontade política de alguns actores envolvidos no conflito”, assegurou.

Damárcio dos Santos disse que a cooperação bilateral com os Estados Unidos da América visa a modernização da segurança militar e comercial, tendo constatado “um interesse muito forte dos EUA no Corredor do Lobito, apesar do investimento chinês”.

“É fundamental tirar o máximo proveito desta relação bilateral em todas as vertentes, seja a nível político ou económico, tendo em conta que a cooperação deve ter o carácter de vantagens mútuas”, observou o analista político.

Uma nota divulgada pelo Departamento de Estado e partilhada pela Embaixada dos Estados Unidos refere que Antony Blinken começou o périplo por alguns países de África, domingo último, com passagens por Cabo Verde, Côte d’Ivoire, Nigéria e Angola.