Presidente da República inteirado sobre problemas ligados à província da Huíla

O Presidente da República inteirou-se, ontem, dos principais problemas que afectam o desenvolvimento da Huíla através de uma exposição sobre a actual situação política, social e económica daquela circunscrição do país feita pelo governador da província, Nuno Mahapi Dala, durante a reunião que manteve, de forma demorada, com o Governo Local.

Durante o início desta reunião, inicialmente aberta à imprensa e depois realizada à porta fechada, o governador da Huíla apresentou ao Presidente da República, que se faz acompanhar nesta deslocação da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, os problemas que considerou empecilho para o rápido desenvolvimento da província.

A título de exemplo, Nuno Mahapi Dala apontou o sector da Educação como aquele que, a seu ver, carece de uma maior atenção, com vista ao aceleramento do desenvolvimento das também chamadas Terras Altas da Chela ou Cidade do Cristo Rei.

Sobre este sector, Nuno Mahapi Dala disse existir, ainda, a nível da Huíla, um número considerável de alunos a estudar ao ar livre.

De forma ilustrativa, fez saber que, da actual população escolar da província que disse rondar cerca de um milhão de alunos, parte considerável estuda nessas condições.

“Estes cerca de um milhão de alunos existentes na província da Huíla estão acolhidas em 1573 escolas, das quais a maioria é ao ar livre, ou seja, são salas ao ar livre”, informou o governador, revelando haver, neste momento, na Huíla, três mil e 62 turmas ao ar livre, sendo que a maior parte delas está na cidade do Lubango.

Nuno Mahapi Dala, que falava na presença dos titulares dos vários departamentos ministeriais, apresentou, como solução para este problema, a construção, todos os anos, de 45 escolas de 12 salas, assegurando que, desta forma, seria possível resolver acima de 80 por cento este problema já neste quinquénio.

“Acreditamos que a solução primária para a resolução de todos os outros problemas passa pela aposta na Educação”, frisou. O governador da Huíla salientou que aliado a este problema está, também, a falta de professores.

Nuno Dala disse que a província se depara com um défice considerável de professores. O governador da província da Huíla defendeu, também, a introdução da alfabetização no sistema normal de ensino, informando que a taxa de analfabetismo na Huíla é muito alta.

Insistindo ainda no sector da Educação, referiu ser fundamental apostar, igualmente, na formação técnico-profissional da juventude local, com a construção de centros com esta vocação nos municípios da província. Aqui, Nuno Dala pediu que se preste mais atenção à Escola Agrária do Tchivinguiro, na Humpata, por estar a clamar por reabilitação urgente, dado o estado avançado de degradação.

Esta escola, vocacionada para a formação de técnicos do ramo da Agricultura, Pesca e Indústria Alimentar, dispõe de uma capacidade para albergar mais de 300 alunos e lecciona os cursos de Indústria Agro-Alimentar, Produção Vegetal, Produção Animal e Gestão Agrícola.

“Neste momento em que estamos a fazer um grande trabalho na diversificação da economia e no desenvolvimento verdadeiro do nosso país, entendemos que devíamos olhar para a Escola Agrária do Tchivinguiro com olhos de ver e devíamos tomar uma decisão de Estado, porque aquela infra-estrutura precisa do nosso apoio”, destacou.

No capítulo do Ensino Superior, Nuno Dala deu a conhecer que a província carece de um Campus Universitário, bem como melhorar as actuais condições do ISCED Huíla.

Sector da Saúde

O sector da Saúde também foi apresentado como aquele que carece de alguma atenção na Huíla.

Sobre esta área, o governador da Huíla pediu ao Presidente da República que se faça mais investimentos não só em infra-estruturas, mas, sobretudo, na prevenção, para se evitar gastar muito dinheiro na compra de medicamentos.

Solicitou, igualmente, para este sector, mais ambulâncias, para os municípios, por carecerem deste meio.

Energia e Águas

O domínio da Energia é outro sector que não passou ao lado da exposição feita por Nuno Dala. Apesar dos vários investimentos até aqui feitos nesta área, a nível da província, o governador da Huíla disse que este sector carece de mais investimentos.

“Não é possível o interior ter um grande desenvolvimento que se espera quando não tem energia”, ressaltou.

Aliado ao problema da Energia, está o da Água. Sobre este sector, Nuno Dala disse que esta área constitui um ponto de estrangulamento para a província não só naqueles municípios com problemas da seca, mas nos quatro cantos da província.

Revelou que o défice de água, na cidade do Lubango, capital da Huíla, ronda os 42 por cento. Acrescentou que a província precisa de uma estação de tratamento de água, enquanto não houver recursos financeiros para se ir buscar o líquido a zonas distantes.

Transportes

O governador da Huíla pediu que se preste, também, atenção ao sector dos Transportes na província, revelando que a província dispõe, apenas, de uma frota de transportes públicos suportada por menos de 50 meios adquiridos pelo Ministério dos Transportes.

Disse que este número é insuficiente para garantir a interligação entre todos os municípios da província. “Quem garante o transporte público, verdadeiramente, na província da Huíla, são táxis, os vulgos azuis e brancos”, lamentou.

Nuno Dala salientou que a província conta com uma circular ferroviária que se for reabilitada vai entrar no circuito do transporte ferroviário e rodoviário do Lubango, o que, em seu entender, vai gerar um grande ganho para a província.

O governador da Huíla defendeu, igualmente, um maior aproveitamento do Aeroporto da Mukanka, apelando ao regresso do voo que ligava à Namíbia.

Pediu que se reveja, também, o preço do valor de passagem para a província da Huíla, que disse ser incompatível com o salário da população huilana.

Agricultura

Nuno Mahapi Dala solicitou, igualmente, ao Presidente da República, mais apoio aos agricultores da província, com a subvenção na aquisição dos insumos agrícolas; ao sector privado, de modo a garantirem mais postos de trabalho para os jovens; ao sector do Turismo e Desportos.

Sobre o sector dos Desportos, o governador da Huíla sugeriu um melhor aproveitamento dos campos construídos no país, para albergar o CAN de 2010, a fim de candidatar-se para acolher mais um CAN.

Na ocasião, convidou o Presidente da República a fazer-se presente no jogo dos Palancas Negras referente ao apuramento do próximo CAN, a realizar-se na cidade do Lubango. “Acredito que a sorte dos Palancas Negras não está em Luanda, mas sim na Huíla”, sublinhou o governador Nuno Mahapi Dala.

Programa de visita  do Chefe de Estado ao Sul de Angola

O programa de visita do Presidente da República aqui na cidade do Lubango, que termina hoje, prevê, para este dia, a presença na 4ª edição da Feira dos Municípios e Cidades de Angola (FMCA), onde vai proceder à abertura oficial do certame. Este evento mostra as potencialidades de cada um dos 164 municípios de Angola.O Presidente da República seguirá, ainda hoje, para a província do Cunene, onde vai manter, fundamentalmente, contacto com os projectos do Estado virados para responder aos efeitos nefastos da seca, que tem fustigado a região Sul do país de forma cíclica

César Esteves | Lubango