Angola quer contribuir para a melhoria das comunicações nos países fronteiriços

O Cabo submarino “2 África”, que aterrou, domingo, no município de Cacuaco, província de Luanda, proveniente do Reino Unido, vai gerar para Angola desenvolvimento, ciência, economia digital, melhoria do emprego e, consequentemente, um futuro melhor para todos os cidadãos.

Esta visão foi partilhada, ontem, no acto que marcou a aterragem do cabo na orla da praia de Cacuaco, pelo ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Augusto da Silva Oliveira.

“Um país só se constrói com conhecimento, com ciência, com desenvolvimento e também com uma grande liderança. E o nosso país tem uma grande liderança e a prova disso é o apoio dado a Unitel, por orientação do Presidente da República, de forma a abraçarmos este grande projecto, que é o «2 África»”, disse.

O ministro Mário Oliveira lembrou que, com a chegada ao país da infra-estrutura, se deu mais um passo na estratégia nacional para o sector, plasmado no “Livro Branco” das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, sobre a transformação de Angola numa placa giratória referencial para as TIC em África e em particular para a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Estima-se que 36 por cento da população global, em África, Europa e Ásia, beneficie dos serviços de conectividade gerados pelo cabo submarino “2 África” de mais de 45 mil quilómetros de comprimento e que, ontem, chegou a Luanda, resultado da participação no investimento pela Unitel com 52 milhões de dólares.

Já o presidente da Comissão Executiva da Angola Cables, Ângelo Gama, disse que este terceiro cabo submarino vai garantir que Angola tenha mais e melhor acesso à Internet e todos os serviços de telecomunicações.

“Com este terceiro cabo, podemos dizer que vamos ficar, completamente, redundantes. Eliminam-se aquelas falhas de serviços do passado, em que não havia Internet internacional ou que as comunicações para fora não aconteciam, pois vamos ter três saídas de comunicações de Angola para fora por via de cabos submarinos e assim ficarmos, completamente, autónomos. Também passamos a fazer parte de um restrito grupo de países com três cabos submarinos no seu solo”, afirmou.

Segundo Ângelo Gama, este investimento vai também fazer com que entrem mais “players” internacionais no mercado angolano, haja mais investimentos, uma vez que o cabo submarino “2 África” é um sistema aberto, que permitirá a outros operadores virem ao país e vender serviços não só de Internet, mas sim de tudo ligado às telecomunicações.

* com RNA e Unitel


Angosat recebe sinais mais fortes e de melhor qualidade

O director de IP e Transmissão da Unitel, N’silu Ferreira, disse que a chegada do “2África” torna Angola numa referência nas telecomunicações no continente, uma vez que se trata do quarto cabo submarino de fibra óptica disponível e este agora com muito maior capacidade do que os outros.

O cabo aterrou ontem (domingo) e foi enterrado até uma caixa de visita ali instalada para o alojamento do cabo. Está em construção o cabo de fibra óptica nacional da Unitel, que irá se amarrar a este cabo internacional e permitir que seja possível estabelecer comunicações com vários países do continente e do mundo.

A importância do projecto é de manter o país conectado aos restantes operadores e a rede de comunicações globais. O mesmo permite ao país maior flexibilidade e alternativas de comunicações.

Já temos dois cabos sob gestão da Angola Cables, um pela Angola Telecom e, agora, este quarto que fica com a Unitel.

Um dado partilhado por N’silu Ferreira é de que o cabo submarino de fibra óptica “2África” vai também permitir que, com a combinação de várias tecnologias, as estações de transmissão do Angosat, por exemplo, recebam sinais com alta qualidade para a Tv, Internet, Voz e possam servir da melhor forma os pontos mais recônditos onde chegam os serviços.


Garantidas conexões à Zâmbia, RDC e Namíbia

A Unitel fornecerá, através da sua rede nacional de fibra óptica, o acesso ao “2África”, aos operadores de telecomunicações nacionais e aos operadores de telecomunicações de países vizinhos, nomeadamente da Zâmbia, da República Democrática do Congo e da Namíbia.

Os dados avançados pela operadora estimam que com mais este investimento, e como já vem acontecendo ao longo de 22 anos de presença no mercado angolano, a operadora assume-se como um parceiro do Executivo angolano, virado para o desenvolvimento da economia e em particular do sector de telecomunicações.

O PCA Aguinaldo Jaime disse que o “2África” é mais uma prova de serem uma empresa que olha para o futuro, com desejo de continuar a ligar os angolanos entre si e ao mundo, sendo, através dos seus serviços, uma facilitadora da economia digital.

“Queremos aqui também destacar que com o projecto 2África em Angola, a UNITEL, no âmbito da sua responsabilidade corporativa, vai construir, para a população desta orla marítima do município de Cacuaco, uma Lota para a recepção, tratamento e venda do pescado”, disse.

Segundo o gestor da operadora de telefonia e telecomunicações, a Lota vai promover um impacto directo na renda dos pescadores e vendedores, além de trazer benefícios consideráveis em termos ambientais e sanitários para a comunidade.

A empresa efectuará a contratação de um fornecedor para tratamento dos resíduos produzidos na Lota (detritos do peixe e não só), com o compromisso de educar e sensibilizar a população sobre a recolha e tratamento dos resíduos, gerando impacto directo a nível ambiental e na mudança de comportamento da comunidade, visando a melhoria, significativa, de questões ligadas à higiene e à saúde.

“Vamos, também, realizar acções numa das escolas primárias do município, de modo a impactar as crianças e jovens, com os nossos programas de responsabilidade corporativa, como “Clube da Criança”, “Stop Malária” e Programas Especiais. Daremos formação em Programação e Robótica; realizaremos a pintura na escola com tinta repelente, distribuição de mosquiteiros, palestras de sensibilização sobre a malária bem como palestras sobre a Internet segura, entre outras”, detalhou.


Sistema entra em operação em 2024

O presidente do Conselho de Administração da Unitel, Aguinaldo Jaime, disse que o sistema “2Africa” está previsto para entrar em operação em 2024 e que foi desenhado para uma capacidade de transmissão de dados de até 180 Tera bits por segundo.

Esta capacidade projectada, realçou, aquando da entrada do serviço, será superior a capacidade total combinada de todos os cabos submarinos que,  actualmente, servem África.

“Viemos à praia de Cacuaco testemunhar a aterragem do Cabo Submarino “2ÁFRICA” em Angola, o cabo que circum-navega a costa de África e interconectará vários países africanos, da Europa e do Oriente Médio, ao longo dos seus mais de 45 mil quilómetros e servirá uma região em que vivem cerca de 3 biliões de pessoas”, disse.

Aguinaldo Jaime disse que o cabo submarino “2África” começou a ser implementado em 2020 e parte do Reino Unido, desce pela costa Ocidental do continente africano até a África do Sul e regressa à Europa, terminando em Espanha, pela costa Oriental de África, passando pelo Médio Oriente.

“Esta importantíssima infra-estrutura internacional de telecomunicações está a ser implementada por um consórcio de vários operadores Internacionais, sendo a Unitel, através da parceria que fez com a Meta (Facebook) o único operador angolano que se associou ao mesmo. No âmbito do consórcio, a Unitel é responsável pela criação das condições de amarração e de operação da ligação do cabo “2Africa” à Angola. Para o efeito, para além do ponto de amarração, onde estamos, na Praia de Cacuaco, já iniciámos a construção da estação em que ficarão alojados os equipamentos, que darão suporte à operação do cabo e que ficará à entrada da cidade de Cacuaco, há cerca de 3 quilómetros deste local. A estação ficará concluída no 1º trimestre de 2024”, adiantou.

Realçou que a participação da Unitel no “2África” representa um investimento cerca de 52 milhões de dólares, que trarão um enorme benefício ao país ao assegurar, por pelo menos mais 25 anos, as comunicações internacionais de Angola, através dos pontos de presença que a Unitel implementará em Londres e Cidade do Cabo.

“Gostaríamos de recordar que a Unitel tem hoje mais de 14 mil quilómetros de fibra óptica por todo o país,  o que demonstra ser um verdadeiro motor do desenvolvimento tecnológico, ao proporcionar uma rede capaz de suportar a serviços de voz, dados e acesso à Internet com qualidade e fiabilidade, factores indispensáveis para o sucesso e a excelência dos serviços prestados aos clientes”, indicou.