O Presidente da República, João Lourenço, é aguardado, hoje, na cidade de Menongue, província do Cuando Cubango, para assistir aos exercícios militares, também conhecidos por Manobras Militares.
O exercício, realizado anualmente, vai decorrer, hoje, no Polígono Central de Adestramento das Forças Armadas Angolanas (FAA), situado na localidade de Soba Matias, a 60 quilómetros da cidade de Menongue, sob o lema: “Na paz fortaleçamos as Forças Armadas”.
Uma nota da Secretaria de Imprensa da Presidência da República, divulgada, ontem, dá conta, que estas manobras militares, em que o Presidente da República vai participar, na qualidade de Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas, “vão movimentar homens e técnica”.
Em declarações, ontem, à imprensa, o chefe da Direcção Principal de Educação Patriótica do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, tenente-general António de Jesus Fernandes, esclareceu que o evento se enquadra no âmbito do cumprimento da directiva do Comandante em Chefe das FAA, que visa garantir a preparação operativa, combativa e educativa patriótica e vai ser uma manobra táctica de brigada de exército, com a participação de unidades da Força Aérea Nacional e da Marinha de Guerra Angolana.
“Todas as Forças Armadas devem preparar-se na paz”, destacou o tenente-general, lembrando que é na paz que se prepara a guerra e na guerra a paz.
António de Jesus Fernandes esclareceu que o exercício militar é um processo normal que se enquadra no âmbito do calendário das actividades das Forças Armadas Angolanas. O tenente-general disse que a notícia da presença do Presidente da República no evento elevou muito o moral das tropas.
“Esta é uma grande congratulação para as Forças Armadas e as tropas estão muito motivadas e muito animadas para fazer com que essa manobra atinja os objectivos pelos quais foram preconizados”, realçou.
Durante a participação nas manobras militares de 2017, na qualidade de ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, que procedeu ao encerramento do evento, felicitou a chefia do Esta-do-Maior General das Forças Armadas Angolanas, sobretudo, o ramo do Exército e da Força Aérea Nacional, pelo elevado grau de profissionalismo demonstrado na organização e realização do evento. Destacou, na altura, que a preparação combativa “é sangue que se poupa em combate”.
João Lourenço explicou que quanto melhor for a preparação das tropas, menor é o número de baixas em caso de combate real, na medida em que os efectivos ficam mais bem preparados para enfrentar os obstáculos no teatro das o- perações, lembrando que a única diferença, neste tipo de exercícios militares, é que o inimigo é fictício.
“Não queremos permitir que algum dia um exército estrangeiro ouse, mais uma vez, chegar às portas de Luanda ou no Cuanza-Sul, como aconteceu em 1975, onde acabaram por ser travados na memorável Batalha do Ebo”, referiu, na altura, lembrando que a melhor forma de se evitar a guerra é o país estar preparado para ela.
João Lourenço assegurou, na ocasião, que o Executivo vai continuar a envidar esforços para ter as Forças Armadas fortes, coesas e eficientes aos níveis terrestre, aéreo e marítimo, sublinhando que só desta maneira é que se vai conseguir criar as condições de uma paz real e efectiva, para o conforto dos cidadãos.
Numa situação de guerra, prosseguiu, é impensável investir na produção, criar empregos, construir habitações, escolas, universidades, estradas, hospitais, entre outras infra-estruturas, realçando que em situação de paz os Governos conseguem prestar toda a atenção à solução dos principais problemas que a população enfrenta. Sublinhou que a paz só vai ser duradoura se o país tiver Forças Armadas fortes e capazes.
Um exercício militar é o emprego de recursos militares em operações com a finalidade de treinamento e a avaliação de estratégia e equipamentos, explorando situações de guerra, mas sem haver combate de facto. Um dos grandes objectivos do exercício passa pelo melhoramento do nível de prontidão dos efectivos, com vista à defesa da integridade territorial e à manutenção da paz no país.
Exercícios militares e reunião com as chefias das Forças Armadas
Durante os exercícios militares, as tropas apoiadas com equipamentos fazem demonstrações reais sobre como agir no campo de batalha diante de uma agressão. As tropas terrestres são, geralmente, as primeiras a entrar em cena, apoiadas por tanques de guerra e peças de artilharia, como canhões e metralhadoras anti-aéreas.
Nas manobras militares, também são usadas peças de artilharia, morteiros e botes motorizados. Durante a progressão, as tropas mostram todo o poderio de fogo. O local chega a ficar coberto de uma nuvem branca e os militares, devidamente camuflados, efectuam disparos com armas ligeiras, apoiadas com fogo de artilharia e tanques que transformam a zona num verdadeiro campo de batalha.
Os helicópteros da Força Aérea Nacional entram e saem da ilusória zona de guerra, para o desembarque de tropas, distribuição de munições e ração de combate, ao passo que outras unidades de apoio, como os serviços de assistência médica militar, cuidam dos feridos virtuais e da evacuação dos mesmos através de ambulâncias.
Os comandantes militares, munidos de cartas topográficas e usando meios sofisticados de comunicação, dão instruções aos chefes das unidades mais avançadas, sobre a forma de desdobramento no terreno, situação que deixa maravilhados os presentes.
Campo do Soba Matias
O Polígono Central de Adestramento das Forças Armadas Angolanas, na localidade de Soba Matias, foi declarado palco das realizações dos exercícios militares das FAA, em Outubro de 2019, pelo então comandante do Exército, o general Gouveia João de Sá Miranda, no final dos exercícios militares de fim de curso dos 995 cadetes da Academia do Exército de Benguela, realizados naquela zona.
Sá Miranda disse que a escolha da zona deve-se ao facto de a província do Cuando Cubango ter formado, no passado e agora, um considerável número de quadros militares das Forças Armadas Angolanas, além de ser, também, uma região histórica, que, como sublinhou, alavancou muitos ao mais alto nível de oficiais das Forças Armadas Angolanas (FAA) e por ser a província onde se deu uma das mais grandiosas guerras, a Batalha do Cuito Cuanavale, que contribuiu, significativamente, para a viragem da história e política da África Austral.
Reunião com chefias militares das FAA
A nota da Secretaria de Imprensa da Presidência da República avança que o programa de actividades do Presidente da República, na cidade de Menongue, prevê a orientação de uma reunião que vai abordar a situação geral das Forças Armadas Angolanas, nas múltiplas vertentes.
César Esteves e Carlos Paulino | Menongue