A taxa de inflação (indicador que mede o custo da moeda no mercado), nos últimos 11 meses, apresentou uma trajectória de descida plena, saindo de 27,0 por cento, em Março de 2022, para 11,54 por cento, em Fevereiro de 2023, nível mais baixo desde Setembro de 2015.
Esta semana, em que se aguarda, entre sexta-feira e sábado, pelo anúncio dos dados do mês de Março por parte do Instituto Nacional de Estatística (INE), é expectável que se observe uma nova descida, considerando as referências do indicador dos preços no consumidor, que, segundo o quadro dos levantamentos semanais do Jornal de Angola em supermercados e mercados informais, confirmam a estabilidade nos principais produtos da cesta básica. Há também uma ligeira pressão originada pelo sector do turismo, que, face aos feriados observados entre Março e Abril no país, registou uma alta procura e a total ocupação das camas disponíveis. Este factor de pressão poderá ter influência nos preços desta classe sobre o Índice de Preço ao Consumidor (IPC), sem, contudo, provocar distorções graves, segundo o estudante do 4º ano de economia Mateus André.
Esta visão do estudante combina com a perspectiva já avançada, anteriormente, pelo economista e docente universitário Wilson Chimoco, para quem este ano (2023) a inflação chega aos 11 por cento e a continuidade das reformas estruturais por parte do Governo deverão garantir continua estabilidade nos principais indicadores económicos (desaceleração da inflação, crescimento do PIB etc). Disse, de igual modo, que a apreciação cambial continua a servir de uma “excelente almofada”, pois Angola está a conseguir amparar os efeitos da subida dos preços dos alimentos e da inflação na zona europeia, fundamentalmente, de onde há registos de cerca de 40 por cento da origem das importações nacionais.
Ainda sobre o tema da inflação, recentemente, o director-geral do CINVESTEC – Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada Angola, Heitor Carvalho, manifestou preocupação não só com a forma de cálculo dos indicadores de inflação por parte do INE, mas também, e sobretudo, com a subida das margens de negócio (percentagem que define quanto sobrou numa empresa após deduzidos os custos que a mesma teve para produzir/vender/entregar o produto ao consumidor) e uma certa falta de concorrência em determinados sectores do mercado.