Apoios para África devem priorizar a economia e a paz

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Gutuerres, disse, este sábado, na sede da União Africana, em Addis Abeba, capital da Etiópia, que todos os apoios direccionados para África devem priorizar acções na Economia, Clima e na Paz.

Durante a intervenção de abertura na 36ª Cimeira de Chefes de Estado e Governo da União Africana, António Gutuerres disse que apesar dos desafios, o continente está no caminho do progresso.

Face a isso, acredita que com esforços e parcerias para enfrentar todos os desafios, os 1,4 mil milhões de africanos vão conseguir alcançar um futuro mais justo e próspero.

Conforme disse, as Nações Unidas saúdam a parceria com a União Africana e o “enorme potencial” do continente a ser concretizado com o trabalho do bloco regional.

Durante a abertura da Cimeira da União Africana, em Addis Abeba, na Etiópia, o secretário-geral da ONU destacou o tema do encontro: uma África integrada, próspera e pacífica.

Maior riqueza

 Para António Guterres, apesar dos desafios, a África está a caminho do progresso. Citou a Agenda 2063, o plano de acção do continente para eliminar males socioeconómicos, e a Década da Inclusão Financeiro-Económica das Mulheres. Além disso, o continente é rico em recursos naturais e tem em sua maior riqueza a diversidade de seus povos, culturas e línguas.

Um outro avanço, segundo António Guterres, é o forte foco na criação de emprego e o “potencial enorme” da Zona de Comércio Livre Continental Africana.

O secretário-geral afirmou, na sua intervenção, que este é um passo transformador que abre novas fontes para a prosperidade de todos os africanos, especialmente da juventude. Assumiu que os laços da ONU com a União Africana nunca foram tão fortes.

Na ocasião, anunciou a disponibilidade de 250 milhões de dólares para combater a fome e responder a emergências subfinanciadas no mundo. Trata-se da maior alocação do Fundo Central de Resposta de Emergência. A quantia deve beneficiar 18 países, 12 dos quais em África e que vivem as chamadas “crises esquecidas”.

 
Desafios

Apesar do enorme potencial e todas as oportunidades, António Guterres disse que África também enfrenta grandes testes ao ter que suportar o fardo de muitas crises internacionais actualmente. Citou o que chamou de um sistema financeiro “global, disfuncional e injusto que está a falhar com os países em desenvolvimento quando esses mais precisam”.

Ao mencionar a recuperação da pandemia, o líder das Nações Unidas afirmou que existem “desigualdades na disposição dos recursos”.

António Guterres lembrou ainda da crise climática com seus efeitos como secas e cheias que afectam os africanos, e das consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Para o secretário-geral, a África precisa de acção. Em primeiro lugar, de acção económica, uma vez que não recebe o apoio global de que precisa.

Segundo afirmou, o sistema financeiro, frequentemente, nega à África o alívio da dívida e segue com cobrancas de “juros extorsivos”. E uma das consequências dessa prática é o fracasso de investimentos em sistemas de saúde, educação, previdência social e na economia verde.

CS e Bretton Woods

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas lembrou que África precisa ter voz nas instituições financeiras de Bretton Woods e no Conselho de Segurança, onde permanece “subrepresentada dramaticamente”. Acredita que os bancos de desenvolvimento devem transformar os modelo de negócio para “aceitar uma nova abordagem de risco.”

António Guterres contou que continuará a pressionar os líderes do G20 – grupo das 20 maiores economias do mundo, que inclui o Brasil, para apoiar um pacote de estímulo dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, para apoiar os países do chamado Sul Global.

Em segundo lugar, o secretário-geral ressaltou a acção climática e citou a injustiça evidenciada em cada seca, cheia, ondas de calor e de fome vivenciada pelo continente.

Neste aspecto, mencionou bons exemplos na luta contra a mudança climática como a estratégia de economia verde do Quênia e o plano de protecção das florestas tropicais do Congo, além da Parceira de Transição Energética da África do Sul.

Para António Guterres, é hora de produzir os sistemas de alerta precoce para proteger cada pessoa no mundo dentro de cinco anos, incluindo seis em cada 10 africanos que não têm esse recurso.

E por último, o secretário-geral afirmou que África precisa de acção pela paz, através do combate ao terrorismo com iniciativas conjuntas, pois o terrorismo e a insegurança agravam-se numa enormidade de conflitos. Disse estar “profundamente preocupado” com o aumento da violência de grupos armados no Leste da República Democrática do Congo e com o avanço de grupos terroristas na região do Sahel e outras partes.

Apoia o apelo da União Africana para que os governos civis sejam restabelecidos no Burkina Faso, Guiné, Mali e Sudão.

Aos chefes de Estado e governo disse que a paz é possível e que a ONU está a investir na revitalização do multilateralismo e no reforço das operações de paz pelo mundo, passos que são vitais para os cerca de 1,4 mil milhões de pessoas que vivem em África.

 * Com Agência da ONU