África deve fazer transição energética sem ceder à pressão internacional

Luanda – O continente africano deve fazer uma transição energética mas sem ceder à pressão das potências internacionais, defenderam hoje, em Luanda, os participantes da 43ª Reunião de Ministros da Associação dos Produtores de Petróleo da África (APPO).

No fórum, que se encerrou esta sexta-feira, além da posição adoptada sobre a transição energética em África, os ministros elegeram a nova presidência da APPO, que vai ser assumida pelo Benin, e a vice-presidência pelos Camarões, cujo mandato de um ano começa em 2023.

Quanto à pasta de secretário da organização, a 43ª Reunião de Ministros da Associação dos Produtores de Petróleo da África reconduziu o secretário-geral da APPO, Omar Ibrahim, da Nigéria, para um mandato de três anos.  

Ao intervir no evento, em representação do Presidente da República de Angola, João Lourenço, o ministro de Estado para a coordenação económica, Manuel Nunes Júnior, disse que Angola está empenhada nos objectivos da APPO.  

Manuel Nunes Júnior anunciou, para o segundo trimestre de 2023, a criação de um Banco de Energia em África, como resultado de um memorando de entendimento entre a APPO e o Afreximbank.  

O responsável angolano destacou que África deve continuar envidar esforços, no sentido de reduzir a grande dependência das potências internacionais que dominam a indústria petrolífera.  

Por sua vez, o ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, nesta que foi a sua última intervenção enquanto presidente da APPO, referiu que os países membros não estão contra a transição energética, tendo realçado o perigo da agenda que outros países pretendem impor sobre África.  

“Convidamos o mundo a avaliar e a compreender a real situação do continente africano, e agradecemos o apoio necessário para reduzir e acabar com a pobreza geral e energética que afecta o continente”, apelou.  

Já o secretário-geral da APPO,  Omar Ibrahim,  frisou que em 2020 a reunião ministerial da organização havia identificado quatro objectivos, dentre os quais a criação de um secretariado competente na busca de soluções para os desafios comuns que os países da associação enfrentam no que diz respeito a transição energética.  

Por sua vez, o investigador José de Oliveira destacou que, em África, a transição energética será lenta uma vez que o continente ainda está numa fase de crescimento do consumo de energia. 

Ainda assim, o investigador garantiu que não faz mal uma vez que a África é o continente que menos polui. 

No processo de descarbonização mundial, a atenção está voltada para a África, uma vez que, no continente,  a população está em rápido crescimento. Espera-se que até 2040 a demanda de energia de África aumente em 60%, muito mais do que em qualquer outra parte do mundo.

Isso determina a necessidade de superar barreiras sociais e de infra-estrutura que, ainda hoje, impedem que centenas de milhões de africanos tenham acesso à electricidade e à água potável.  

Apesar de África não produzir mais do que 3,8% das emissões globais de gases com efeito de estufa, os peritos acreditam que o Continente possa contribuir significativamente para alcançar os objectivos globais de redução de emissões.  

Fazem parte da APPO 18 países africanos, nomeadamente Argélia, Angola, Benin, Camarões, Chade, Congo, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Egipto, Guiné Equatorial, Gabão, Líbia, Níger, Nigéria e África do Sul, Namíbia, Senegal e o Ghana.

Fonte: JA online