Transição energética justa e confiança no futuro

O Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, não tem dúvidas: o país oferece oportunidades de investimentos nas áreas de Refinação, Armazenagem, Transporte, Distribuição e Comercialização de produtos derivados do petróleo, mas também na construção de Postos de Abastecimento, para melhoria do sistema de distribuição.

Neste contexto, deve-se lembrar que   o Executivo aprovou a construção de 3 novas refinarias, nomeadamente em Cabinda, Soyo e Lobito, bem como a construção de instalações de armazenagem em terra, com destaque para o Terminal Oceânico da Barra do Dande. 

Com capacidade de armazenagem de 582 mil metros cúbicos de gasóleo, gasolina e LPG  , a  primeira fase desta enorme infra-estrutura deverá estar concluída ainda este ano, num momento em que também se registam evidentes avanços quanto ao arranque que se pretende imprimir relativamente ao Projecto “Corredor do Lobito” , certamente um dos maiores “sonhos” várias vezes adiado  sobre a integração regional, com Angola a manter-se como a locomotiva.

 Quanto às refinarias, a sua construção sugere  a descarbonização do sector Petrolífero; um tema muito caro para o mundo actual, com Angola   a  munir-se de cautelas, assegurando total disponibilidade quanto aos investimentos que devem ser feitos na promoção da actualização de tecnologias e métodos de extracção que permitam reduzir a intensidade de emissões no processo de produção de petróleo e gás no país 

  Revelações públicas recentes de diversos “players”, dão conta que o país mantém uma linha política com uma certa razoabilidade no que concerne à transição energética, tão séria quanto tranquila, fazendo ouvir a sua voz em diversos fóruns . Para Diamantino Azevedo, tal transição deve ser “justa”, dando assim a  possibilidade aos países produtores de petróleo e gás de “continuarem a desenvolver os seus recursos, para promoverem o seu crescimento e desenvolvimento económico”. 

Neste contexto,  recordou que, por exemplo, o continente africano  possui abundantes reservas provadas estimadas em cerca de 120 mil milhões de barris de petróleo bruto, centenas de trilhões de pés cúbicos de gás natural e tem fontes de energia renováveis consideráveis, nomeadamente hidroeléctrica, eólica, solar e biomassa.

Diamantino Azevedo garantiu na passada Conferência Internacional sobre Petróleo e Gás, que anualmente se realiza em Luanda, que em Angola “a segurança energética e a descarbonização estão a ser tratadas no quadro da diversificação da matriz energética” , salientando que neste quadro ” o Executivo angolano, para além da intensificação do investimento em projectos hidroeléctricos, tem desenvolvido vários projectos fotovoltaicos e promovido a reconversão de unidades de produção de energia térmica a diesel para gás”. 

Recentemente, o secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Alexandre Barroso, concedeu uma entrevista à Revista Petrogás &  Bio, durante a qual reafirmou, sucessivamente, que o país está no caminho certo em termos de pesquisa, produção e comercialização do petróleo e seus derivados.

 “Os resultados obtidos até à data, fruto do novo modelo de governação do sector, resultante da sua reestruturação iniciada em 2017 , durante o primeiro mandato do Presidente João Lourenço, mostram que estamos no caminho certo”, disse o governante, tendo na altura reafirmado que os principais objectivos que o actual governo se propõe a alcançar, “são a atenuação do declínio da produção, a auto-suficiência em produtos derivados do petróleo e a melhoria do seu sistema de distribuição, incluindo a refinação, armazenamento e postos de abastecimento”. 

“Para isso, foram aprovados vários diplomas legais, estratégias e programas que têm merecido a aprovação dos stakeholders e dado resultados positivos. Deste modo, contra os prognósticos no início de 2017, a produção petrolífera tem-se mantido acima de 1 milhão e 100 mil barris de petróleo por dia”, recordou o Secretário de Estado.   

“Com a implementação da Estratégia de Exploração 2020 – 2025, Estratégia de Atribuição de Concessões 2019-2025 e projectos de exploração de gás natural não associado, o Governo tem como objectivo principal melhorar o conhecimento geológico para assegurar a substituição de reservas, aumentar a produção de petróleo, fornecer petróleo bruto suficiente para satisfazer a capacidade interna de refinação, bem como desenvolver uma indústria doméstica de gás natural”, disse, salientando: “A nossa  meta é continuar a produzir hidrocarbonetos para contribuir para o desenvolvimento sócio-económico de Angola e não necessariamente competir com outros países”.

Para José Barroso, a reestruturação do sector Petrolífero, definitivamente, permitiu melhorar o ambiente de negócios, evidenciado pela continuidade das operações no nosso país de algumas das principais Companhias Operadoras Internacionais, como a TOTALENERGIES, EXXONMOBIL, CHEVRON e também a BP e ENI, por via da recém criada AZULE ENERGY, disse, acentuando que esta melhoria do ambiente de negócios, o fomento de campanhas de exploração e a negociação contínua de contratos para renovação e adjudicação de concessões petrolíferas, entre outras acções, “vão permitir a continuidade dessas empresas e possibilitar a entrada de novas empresas operadoras no nosso sector”.

Indústria de refinação de petróleos em marcha

Para João Lourenço, “a transformação estruturante está a chegar à indústria de refinação de petróleos”. ” A Refinaria de Luanda foi modernizada, tendo quadruplicado a sua capacidade de processamento. A Refinaria de Cabinda vai ser uma realidade, esperando-se que a sua 1.ª fase esteja pronta para entrar em funcionamento já no final de 2024 com uma capacidade inicial de processamento de 30 mil barris por dia. Em fase inicial está o projecto de construção da Refinaria do Soyo, que terá uma capacidade de processamento de 100 mil barris por dia”, disse o Presidente da República, quando discursava, em Luanda,  sobre o Estado da Nação.

O Chefe de Estado diria mesmo que durante o período de construção, “as três refinarias vão empregar mais de cinco mil jovens angolanos” e, com a   sua entrada em funcionamento, “espera-se que as três novas refinarias possam gerar mais de dois mil postos de trabalho permanente e poupar aos cofres do Estado milhões de dólares que todos os anos são gastos na importação da quase totalidade dos produtos refinados que o país consome”.

 “Estamos prestes a concretizar o objectivo de deixar de ser um país importador de produtos refinados do petróleo para exportador desses mesmos produtos, poupando divisas e oferecendo emprego qualificado aos nossos jovens engenheiros, técnicos e outros trabalhadores, para além de poder continuar a exportar o petróleo bruto à medida que formos fazendo novas descobertas  e as explorarmos”, assegurou João Lourenço, para quem Angola está perto de normalizar o domínio do armazenamento de combustíveis líquidos. 

“O armazenamento flutuante de líquidos já foi totalmente eliminado, tendo o nosso país a capacidade de armazenamento em terra de 675.968 metros cúbicos, que aumentará substancialmente com mais 582 mil metros cúbicos após a conclusão das obras do Terminal Oceânico da Barra do Dande, na província do Bengo, nos finais de 2024”, garantiu.